Abordando agora outro ponto
colocado na matéria “Mundo Feedee da Vênus” que seria um traço de comportamento
observado em algumas feedees que é a submissão ao feeder que toma o papel
dominante e controlador na dinâmica do casal.
Ai temos dois tipos de personalidade
se contrapondo; um dominante e um dominado, ou submisso, o líder e o seguidor.
Mas será assim mesmo? Isso é um aspecto geral de uma feedee?
Pra mim esse é um tema muito
interessante abordar porque justamente passei por dificuldades e conflitos por
esses dois contrapontos comportamentais que eu não sabia entender bem dentro de
uma relação feedee e feeder.
Acredito que devemos separar papeis
dentro de um fetiche, e, personalidade de cada indivíduo em sua totalidade. E mais uma vez vou
recorrer pra exemplificar isso, com o fetiche que tem bem definido um submisso
e um dominador; o S/M. Dentro de nossas práticas um sub/ submisso é o homem ou
mulher que é dominado e segue as ordens e comandos do dominador/ Domme. Dentro
do que chamamos de atos e sessões, ele assume total submissão aos desejos e
vontades do seu Dono. Obviamente dentro de limites pré-estabelecidos e práticas
de masoquismo e sadismo que deve ser respeitados pelo dominador. Posturas
humilhantes físicas, morais e verbais, assim como espancamento e dor faz parte
do prazer da dupla. Um tem prazer em receber ordens e ser comandado e o outro
em mandar e controlar, dominar; seja psicológica ou fisicamente.
Porém terminando o que se chama de
sessões, onde cada um representa o seu papel que lhe dá prazer e é sua
expressão erótica e sexual intima, cada um volta a ser somente o ser social. Um
submisso não quer dizer que ele o é em suas relações fora do BDSM. E um
dominador e sádico não quer dizer que seja um inquisidor nem queira controlar e
mandar em tudo e todos o tempo todo. O que pra mim isso também é muito fascinante.
Conheci muitos submissos extremamente “doutrinados” que eram grandes homens de
negócios, líderes e de personalidade forte e determinada fora de suas práticas
fetichistas. Embora o papel dentro do fetiche exteriorize claro, partes de
si mesmo. Mas é preciso pensar que nem
todos nós somos 100% submissos nem 100% dominadores. Todos nós temos um pouco
dos dois em vários momentos dentro de nossas relações sociais e interpessoais.
Porém haverá um lado da moeda que será a dominante. Mas isso diz respeito a
personalidade e não a um papel dentro de um fetiche. Existem pessoas que são
líderes por natureza, e outras que são cooperativas, passivas e preferem
receber comandos a comandar. Preferem participar do que organizar. Isso ao meu
ver não é bom nem ruim, e sim, formas de personalidade que leva a comportamentos.
Porém existem os desvios, ou que podemos
entender como comportamentos negativos e nocivos ao indivíduo. Uma pessoa, por
exemplo, que tem sua personalidade dominadora, agressiva, competitiva, ativa,
determinada, pode usar isso para serem grandes líderes e levar grupos de
pessoas ao sucesso e crescimento. Um líder une o grupo e conquista respeito e
confiança, não impõe despotismo ou medo. Porém quando essa personalidade é
negativa, a pessoa se torna controladora ao extremo, violenta, perde a capacidade
de ouvir o outro, pois só o som da sua voz é que tem a razão e interessa. Todos
os outros não são importantes, mas peças que trabalham para ele conquistar o
que quer. Uma pessoa assim não será bom profissional, nem bom líder religioso,
nem bom pai ou mãe, muito menos amigo, ou amante. Pois elas perderam o rumo
dentro de si mesmas.
Já o participativo e cooperativo, o
seguidor, pode ajudar outros e seu próprio líder a alcançar o êxito e progresso.
É uma parceria, uma relação de confiança onde cada um sabe suas
responsabilidades, suas habilidades e operam harmoniosamente para o bem comum. Não há méritos nem deméritos em seguir ou
comandar, pois cada um dos lados entende a importante de um e outro, que se
completam. O líder detém a maior responsabilidade, pois o todo foi assumido sob
sua responsabilidade de fazer tudo acontecer, inclusive, estimular todos os
outros a desempenharem o melhor de si, saber fazer com que cada um dê ao grupo
o melhor dentro suas habilidades. Ele não precisa impor. Ele sabe como fazer
todos quererem dar o melhor de si.
Mas quando o seguidor espera tudo do
seu líder, quando ele somente caminha quando recebe ordens e comandos como um
cão treinado, quando ele só se sente seguro em fazer algo se for mandado, e não
raciocina por si só e executa o que acha melhor dentro do seu papel, essa
pessoa se torna alguém negativo para o grupo porque o que a domina são outros aspectos;
insegurança, medo, falta de identidade, baixo estima, carência, indecisão,
falta de iniciativa. É alguém comandada pelo medo de tomar decisões até sobre si
mesma e que precisa de outra pessoa para dizer o que fazer, pois dentro dela só
há o medo de errar, de ser criticada, não aceita, não amada, não reconhecida,
do fracasso, da solidão, da rejeição. E outra pessoa tomando as decisões e
mandado por ela, em sua cabeça, não terá responsabilidade alguma sobre seus
passos, já que não escolhe, e sim, deixa outro escolher por ela e a conduzir.
E quando uma pessoa é assim, e é uma
feedee, ela com certeza, será uma submissa e é das que fará tudo que o feeder
pedir e ordenar, mesmo que não seja o que ela mais quer. E se ela cair nas mãos
de um feeder aqueles com a personalidade negativa dominador ela com certeza
chegará a imobilidade se ele assim quiser. Pessoas do tipo sonham com alguém
que chegue a suas vidas e assuma o rumo e decisões por ela. Digam como deve ser
feito e quem manda. Querem ser cuidadas, vigiadas e controladas todos os
momentos. E viram “pets” como foi colocado pelo nosso seguidor.
Mas isso não é algo da feedee e sim,
mais uma vez, um desvio comportamental e psicológico do indivíduo.
Tanto um quanto outro, é submisso e
dominador 24 horas por dia, 7 dias na semana em qualquer relação e situação que
tiver.
O que é diferente de assumir por
prazer mútuo e doação, posturas dentro de um jogo erótico ou mesmo situações
amorosas de fazer o que o outro pede e mesmo obedecer a um pedido.
Da mesma forma que é diferente
assumir o papel de guia e estimulador dentro do nosso fetiche, no caso dos
feeders que não os fazem dominadores, mas condutores das feedees. Ele a conduz,
mas não a comanda, nem domina. E a decisão de até aonde quer ir com a expansão
de seu corpo, é absolutamente dela. É dela a decisão de como quer engordar,
como será sua dieta, que tipo de elementos será ou não inclusos para ajudar a
crescer. Ele pode conduzi-la a escolhas, apresenta-las a opções e ideias, mas
não pode impor a ela. Não se deve haver imposição e nem submissão mediante a
uma exigência, pois é nesse exato momento que acaba o fetiche e começa uma
relação tumultuada entre duas pessoas que não sabem o que é parceria nem
respeito pelo outro ou a si mesmo. O fetiche acaba pois, justamente é preciso
prazer e alegria mútua. Se não há, para um acabou a excitação e o prazer.
A feedee é sem sombra de dúvida a
parte conduzida e não vejo hoje (embora tenha me custado muita reflexão e noites
de sono rs) como algo negativo, humilhante, submisso, secundário ou permissivo,
que a coloque em situação abaixo do feeder. Pelo contrário, ela é a parte que
lhe completa e está ao lado dele e sem ela, ele não tem como exercer o seu
prazer nem fetiche, já que para um feeder, não basta namorar uma gordinha. O
fetiche não se estabelece aí.
E pra concluir, embora minha
personalidade seja como já falei e minha expressão sexual e fetichista (como
S/M antes de conhecer o feedism) era e é ser Dominadora e Sádica, dentro do
feedism uma das coisas que mais me dá prazer e mexe com minha satisfação
erótica é ser conduzida e receber pedidos que me soem como ordens e formas de
fazer as coisas para comer e engordar: “prepare isso assim, coma agora, por que
não come mais, acha que comeu o suficiente, não está na hora do seu shake?”.
Tudo é a forma como se diz e o momento que se diz. Se isso é ser submissa,
então eu sou e é muito excitante ser submissa em dados momentos. Como é!
Bjo da Vênus “Submissa”! rs
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