sexta-feira, 2 de maio de 2014

Feedee e Submissão






Abordando agora outro ponto colocado na matéria “Mundo Feedee da Vênus” que seria um traço de comportamento observado em algumas feedees que é a submissão ao feeder que toma o papel dominante e controlador na dinâmica do casal.

Ai temos dois tipos de personalidade se contrapondo; um dominante e um dominado, ou submisso, o líder e o seguidor. Mas será assim mesmo? Isso é um aspecto geral de uma feedee?

Pra mim esse é um tema muito interessante abordar porque justamente passei por dificuldades e conflitos por esses dois contrapontos comportamentais que eu não sabia entender bem dentro de uma relação feedee e feeder. 

Acredito que devemos separar papeis dentro de um fetiche, e, personalidade de cada indivíduo em sua totalidade. E mais uma vez vou recorrer pra exemplificar isso, com o fetiche que tem bem definido um submisso e um dominador; o S/M. Dentro de nossas práticas um sub/ submisso é o homem ou mulher que é dominado e segue as ordens e comandos do dominador/ Domme. Dentro do que chamamos de atos e sessões, ele assume total submissão aos desejos e vontades do seu Dono. Obviamente dentro de limites pré-estabelecidos e práticas de masoquismo e sadismo que deve ser respeitados pelo dominador. Posturas humilhantes físicas, morais e verbais, assim como espancamento e dor faz parte do prazer da dupla. Um tem prazer em receber ordens e ser comandado e o outro em mandar e controlar, dominar; seja psicológica ou fisicamente.

Porém terminando o que se chama de sessões, onde cada um representa o seu papel que lhe dá prazer e é sua expressão erótica e sexual intima, cada um volta a ser somente o ser social. Um submisso não quer dizer que ele o é em suas relações fora do BDSM. E um dominador e sádico não quer dizer que seja um inquisidor nem queira controlar e mandar em tudo e todos o tempo todo. O que pra mim isso também é muito fascinante. Conheci muitos submissos extremamente “doutrinados” que eram grandes homens de negócios, líderes e de personalidade forte e determinada fora de suas práticas fetichistas. Embora o papel dentro do fetiche exteriorize claro, partes de si mesmo. Mas é preciso pensar que  nem todos nós somos 100% submissos nem 100% dominadores. Todos nós temos um pouco dos dois em vários momentos dentro de nossas relações sociais e interpessoais. Porém haverá um lado da moeda que será a dominante. Mas isso diz respeito a personalidade e não a um papel dentro de um fetiche. Existem pessoas que são líderes por natureza, e outras que são cooperativas, passivas e preferem receber comandos a comandar. Preferem participar do que organizar. Isso ao meu ver não é bom nem ruim, e sim, formas de personalidade que leva a comportamentos.

Porém existem os desvios, ou que podemos entender como comportamentos negativos e nocivos ao indivíduo. Uma pessoa, por exemplo, que tem sua personalidade dominadora, agressiva, competitiva, ativa, determinada, pode usar isso para serem grandes líderes e levar grupos de pessoas ao sucesso e crescimento. Um líder une o grupo e conquista respeito e confiança, não impõe despotismo ou medo. Porém quando essa personalidade é negativa, a pessoa se torna controladora ao extremo, violenta, perde a capacidade de ouvir o outro, pois só o som da sua voz é que tem a razão e interessa. Todos os outros não são importantes, mas peças que trabalham para ele conquistar o que quer. Uma pessoa assim não será bom profissional, nem bom líder religioso, nem bom pai ou mãe, muito menos amigo, ou amante. Pois elas perderam o rumo dentro de si mesmas.

Já o participativo e cooperativo, o seguidor, pode ajudar outros e seu próprio líder a alcançar o êxito e progresso. É uma parceria, uma relação de confiança onde cada um sabe suas responsabilidades, suas habilidades e operam harmoniosamente para o bem comum.  Não há méritos nem deméritos em seguir ou comandar, pois cada um dos lados entende a importante de um e outro, que se completam. O líder detém a maior responsabilidade, pois o todo foi assumido sob sua responsabilidade de fazer tudo acontecer, inclusive, estimular todos os outros a desempenharem o melhor de si, saber fazer com que cada um dê ao grupo o melhor dentro suas habilidades. Ele não precisa impor. Ele sabe como fazer todos quererem dar o melhor de si.

Mas quando o seguidor espera tudo do seu líder, quando ele somente caminha quando recebe ordens e comandos como um cão treinado, quando ele só se sente seguro em fazer algo se for mandado, e não raciocina por si só e executa o que acha melhor dentro do seu papel, essa pessoa se torna alguém negativo para o grupo porque o que a domina são outros aspectos; insegurança, medo, falta de identidade, baixo estima, carência, indecisão, falta de iniciativa. É alguém comandada pelo medo de tomar decisões até sobre si mesma e que precisa de outra pessoa para dizer o que fazer, pois dentro dela só há o medo de errar, de ser criticada, não aceita, não amada, não reconhecida, do fracasso, da solidão, da rejeição. E outra pessoa tomando as decisões e mandado por ela, em sua cabeça, não terá responsabilidade alguma sobre seus passos, já que não escolhe, e sim, deixa outro escolher por ela e a conduzir.

E quando uma pessoa é assim, e é uma feedee, ela com certeza, será uma submissa e é das que fará tudo que o feeder pedir e ordenar, mesmo que não seja o que ela mais quer. E se ela cair nas mãos de um feeder aqueles com a personalidade negativa dominador ela com certeza chegará a imobilidade se ele assim quiser. Pessoas do tipo sonham com alguém que chegue a suas vidas e assuma o rumo e decisões por ela. Digam como deve ser feito e quem manda. Querem ser cuidadas, vigiadas e controladas todos os momentos. E viram “pets” como foi colocado pelo nosso seguidor.

Mas isso não é algo da feedee e sim, mais uma vez, um desvio comportamental e psicológico do indivíduo.

Tanto um quanto outro, é submisso e dominador 24 horas por dia, 7 dias na semana em qualquer relação e situação que tiver.

O que é diferente de assumir por prazer mútuo e doação, posturas dentro de um jogo erótico ou mesmo situações amorosas de fazer o que o outro pede e mesmo obedecer a um pedido.  

Da mesma forma que é diferente assumir o papel de guia e estimulador dentro do nosso fetiche, no caso dos feeders que não os fazem dominadores, mas condutores das feedees. Ele a conduz, mas não a comanda, nem domina. E a decisão de até aonde quer ir com a expansão de seu corpo, é absolutamente dela. É dela a decisão de como quer engordar, como será sua dieta, que tipo de elementos será ou não inclusos para ajudar a crescer. Ele pode conduzi-la a escolhas, apresenta-las a opções e ideias, mas não pode impor a ela. Não se deve haver imposição e nem submissão mediante a uma exigência, pois é nesse exato momento que acaba o fetiche e começa uma relação tumultuada entre duas pessoas que não sabem o que é parceria nem respeito pelo outro ou a si mesmo. O fetiche acaba pois, justamente é preciso prazer e alegria mútua. Se não há, para um acabou a excitação e o prazer.

A feedee é sem sombra de dúvida a parte conduzida e não vejo hoje (embora tenha me custado muita reflexão e noites de sono rs) como algo negativo, humilhante, submisso, secundário ou permissivo, que a coloque em situação abaixo do feeder. Pelo contrário, ela é a parte que lhe completa e está ao lado dele e sem ela, ele não tem como exercer o seu prazer nem fetiche, já que para um feeder, não basta namorar uma gordinha. O fetiche não se estabelece aí.

E pra concluir, embora minha personalidade seja como já falei e minha expressão sexual e fetichista (como S/M antes de conhecer o feedism) era e é ser Dominadora e Sádica, dentro do feedism uma das coisas que mais me dá prazer e mexe com minha satisfação erótica é ser conduzida e receber pedidos que me soem como ordens e formas de fazer as coisas para comer e engordar: “prepare isso assim, coma agora, por que não come mais, acha que comeu o suficiente, não está na hora do seu shake?”. Tudo é a forma como se diz e o momento que se diz. Se isso é ser submissa, então eu sou e é muito excitante ser submissa em dados momentos. Como é!

Bjo da Vênus “Submissa”! rs     



Nenhum comentário:

Postar um comentário