quarta-feira, 22 de julho de 2015

Quero mais de você



Naquele quarto de motel, à meia luz, o ar estava incrivelmente quente para aquela hora da noite. Ele a olhava fixamente enquanto ela fazia sua mágica, e depois daquela magia, sabia que viria outro tipo de feitiço. Ela tirou lentamente o dedo dele da boca e disse numa voz suave:

- Eu quero mais de você.

Aquilo o fez subitamente sentir-se como se um vento muito gelado o tivesse atingido em cheio, e, logo em seguida, veio o calor intenso. Depois, a última coisa realmente lúcida que pensou naquela noite foi "ela é muito gorda".

Sim, ela era gorda, graciosamente gorda, sensualmente gorda. Apesar de já terem tido muitas conversas sobre o assunto pela internet, naquela noite ele entendera o porquê.
Foram a uma churrascaria de renome na cidade, daquelas com garçons usando conjuntos compostos de colete, camisa bem alinhada e gravata borboleta, o que contrastava ironicamente com o que serviam. Um cem número de cortes e formas diferentes de se comer a deliciosa carne era-lhes apresentado a cada volta de mesa.

E foi ali que ele presenciou a mágica dela pela primeira vez. Por uma hora, talvez mais, 
ela simplesmente não recusou nenhum dos pratos que aqueles homens levavam num desfile de aroma e temperos. A cada oferta ela mostrava um sorriso agradável e dizia:

- Eu aceito, por favor.

Picanha maturada, cupim ao alho, carne de sol, pão com creme de ervas. Ele pensara que ela estava fazendo a alegria dos garçons naquela noite, pois nenhum deles passava com algo que não seria degustado por alguém naquele salão. 
Ele apenas a observava com crescente interesse, girando na taça o vinho suave que havia escolhido para ambos e perguntando casualmente sobre o que ela pensava da beleza do acaso em Pulp Fiction.
Com os lábios brilhando com a gordura, ela continuava com seu ritual inebriante, que o deixava cada vez mais preso àquela cena.
Após duas horas, ele já não conseguia se lembrar de tudo o que ela comera. Agora eram as sobremesas.
Ela fora três vezes à mesa de doces e voltava sempre com um pequeno prato quase transbordando de tortas, pudins, sorvete e alguns figos e pêssegos em calda.
Levava lentamente a colher à boca, como uma jovem de quinze anos radiante em seu baile de debutante, mas ainda tímida.

Entretanto ele sabia bem que aquele aparente recato era mais um de seus truques. À medida que sua barriga ia se projetando contra o vestido decotado, os olhos dela iam assumindo uma voracidade que ele nunca vira.
Terminaram o jantar dividindo uma última taça de vinho, ele pediu a conta e, ao retornar, o sujeito que a trouxe tentou uma piada sutil:

- Estão satisfeitos? - disse, com um olhar de hiena.

Ela fez menção de responder, mas ele tocou seu braço e disse, frio, ao homem:

- Esforce-se mais da próxima vez. O serviço estava lento.

O garçom fechou a cara e a conta, e eles saíram para o frio da noite. Enquanto se dirigiam ao destino final, ele a tocava discretamente. Passava os dedos sobre as saliências que formavam ondas no vestido dela. Fazia desenhos com o indicador sobre sua barriga e perdia-se na visão daqueles seios enormes pareciam tirar-lhe qualquer pensamento racional.

Chegaram a um motel de suítes cujos telhados espiavam por sobre os portões. Seguiram um caminho curto até uma delas. 
Era uma área descoberta onde havia uma piscina em formato de L no centro, uma churrasqueira à esquerda e um casa térrea com duas portas duplas de mareira. 
Em frente à água, algumas cadeiras de praia úmidas do orvalho noturno refletiam uma fraca luz noturna.
Andaram de mãos dadas até a porta dupla mais ao fundo e abriram-na, revelando um cômodo simples com uma banheira de hidromassagem branca em formato triangular. 
Ele girou as torneiras para fazer a água fluir e deixaram o lugar.
A outra porta abria-se para um quarto com cerca de 30 metros quadrados, uma enorme cama King Size coberta por um macio lençol azul-marinho.
 Em cada lado da cama, um criado mudo com anúncios de produtos eróticos, pequenos frascos de óleo e lubrificante e um vibrador comum.
Porém, quando ela entrou naquele quarto não viu nada disso.
 O que ela viu foi um sem número de bombons e trufas de chocolate espalhados a esmo sobre o lençol e, no centro, uma torta cor de creme e marrom.
Sentaram-se à beirada da cama e trocaram olhares ternos. Ele começou a deslizar novamente o dedo sobre as formas voluptuosas sob o vestido vermelho.
 Tocou-lhe os lábios e usou a ponta do indicador para trazer o rosto dela até o seu, sentindo a maciez da gordura sob o queixo dela.
Aquele beijo foi longo, foi profundo, e foi aumentando de intensidade. As mãos dele já não deslizavam sobre o vestido dela. Agora apertavam as banhas na lateral de seu corpo, enchiam-se com a carne tenra de seu culote.
Sentindo o tesão dele aumentar, ela pegou-lhe pelo pulso antes que tocasse sua calcinha por baixo do vestido e disse:
- Um minutinho, meu amor, vou me trocar.
Saiu, dirigindo-se ao banheiro com uma bolsa de couro preta.
Pulsando vigorosamente, ele se levantou, colocou uma sequência de músicas para tocar no celular, tirou a camisa cinza e pegou uma cerveja no frigobar.
 Abriu a porta, apagou a luz externa e ficou olhando a luz da lua refletida na piscina, quase imóvel naquela noite sem ventos.
Quando ele percebeu, ela já estava ao seu lado. Pensou se era tão silenciosa assim ou se era ele que estava muito distraído.
Quando virou o rosto para olhá-la, teve um súbito calafrio. Era linda;
 usava uma lingerie preta, sutiã rendado sem bojo, pois aquele par de peitos não podia ser contido,
 a calcinha era apenas um pequeno retalho de tecido entre suas fartas coxas,
 o resto estava escondido sob a barriga gorda. E ela era branca, grossas pernas, braços roliços, ancas largas, barriga redonda que se movia suavemente com o riso dela. E seu rosto e os seios eram muito redondos, um conjunto de luas naquela noite calma.

Sim, ela era a sua Lua, branca, reluzente e redonda. Olhou para a lua no céu e teve vontade de rir do Universo,  "a minha é muito mais gostosa", foi o devaneio que lhe veio à mente.
Além de tudo, sua lua particular parecia ter sua própria gravidade: suas mãos eram atraídas para o corpo dela quase involuntariamente. 
Ela sabia disso e atraiu-o novamente à cama. Queria comer aqueles doces para ele, pensar neles enchia-lhe a boca de saliva, e pensar no tesão dele alimentando-a enchia-lhe os lábios com lubrificação.

Ela sentou-se sobre o lençol azul, uma perna dobrada e a outra quase estendida sobre a cama,
 apoiando-se em uma das mãos, numa pose charmosa que ele sorveu com os olhos. Ia pegar um dos bombons mais próximos quando ele avançou, prendendo-lhe o pulso como ela fizera antes, e disse, com um leve sorriso:

- Só vai comer quando eu deixar... se merecer.

Olhou-o divertida e começou a acariciar a barriga. 
Vendo aquilo ele tirou os sapatos, desabotoou o cinto e deixou cair a calça preta, revelando uma cueca boxer da mesma cor.
Ela acariciou a saliência dura por cima daquele tecido preto, tirou-a para fora e envolveu-a com a boca. 
Sentia as pulsações dele aumentando enquanto ela chupava com desejo incontrolável.
 Ele passava os dedos entre seus cabelos e respirava fundo, quase ofegando.
Após deixá-lo todo molhado de saliva, ela olhou para cima sem dizer nada e ele disse:

- Tudo bem, você ganhou tudo, mas não pode deixar sobrar nenhum pedacinho. Ela riu e perguntou:

- Será que o café-da-manhã daqui é bom?

Ele gostava cada vez mais daquele jogo. Pegou a torta de kitkat no centro da cama e colocou entre as pernas dela.
 Ela tirou a tampa de plástico da embalagem e arrancou um grande pedaço com as mãos. Levou-o a boca com avidez e deixou cair algumas migalhas sobre a barriga.
Trouxe até ela uma garrafa de Coca-Cola que encontrou no frigobar e colocou um canudinho. Ela devorava a torta, sujando as mãos, o rosto,
 os seios e a barriga; ele dáva-lhe de beber com a mão esquerda e acariciava-lhe a barriga crescente com a direita.
 Aquilo era a melhor sensação que já sentira; pela primeira vez ele era quem deveria ser, o provedor, o macho alfa, o feeder; via o deleite nos lábios dela e sentia-se maravilhosamente homem.

Talvez em menos de trinta minutos, parando de mastigar apenas para provocá-lo com um comentário sexy ou beber um gole de coca, ela já tinha comido quase toda a torna, exceto alguns pequenos pedaços isolados.
Ele entregou-lhe a garrafa, que devia ter ainda uns 100 ml; ela entornou-a e deu um pequeno arroto seguido de um sorriso.

O sorriso dele foi mais selvagem, estava chegando ao limite da razão. Pegou um dos pobres pedaços restantes,
 esmagou-o entre os dedos e passou o chocolate sobre a barriga dela, quando ela pegou a mão dele e chupou-lhe os dedos. Por fim, disse:

- Eu quero mais de você.

Continua... 

Este foi um conto que um leitor enviou ao blog. Resolvi dividi-lo em partes, porque ele é um pouco longo. Espero que gostem e acompanhem a próxima publicação.

Bjos da Vênus sabor kit kat!

domingo, 12 de julho de 2015

A minha, a sua, a nossa identidade social ou Feedist?



Saudações Feedists ao público em geral!

      Como prometido, irei trazer mais de uma matéria para o blog esse mês, pra compensar a falta no mês passado. 

A Luana abriu uma enquete no nosso grupo Feederism Brasil do Facebook, perguntando sobre como cada membro se identificava dentro do próprio feederism, tendo em vista que há vários personagens que nos compõe. 

O interessante foi que ela abriu um leque maior que se considera, e eu mesma, considero a base dos personagens do Feederism. Incluindo os Stuffers, FA'S, e me surpreendi o número de pessoas que se consideraram stuffers. Um tipo que não é muito abordado, ou descrito nas leituras feedists aqui no Brasil. 

Vendo como os membros estão se entendendo dentro desse novo mundo que se apresentam a eles, pois a maioria do grupo, são pessoas em fase de descoberta de si mesmo e do próprio feederism, não sabendo ainda o que afinal, é sua natureza dentro disso, se realmente há algo em si que pertence a esse mundo, e se sim, como o feederism se desenho dentro deles. 

Acho oportuno, por assim dizer, trazer esse texto que está comigo há bastante tempo. Não foi escrito por mim. O texto não é meu e sim de um leitor do blog, um contribuinte que me enviou, e acho de grande valia traze-lo nesse momento, afinal, ele fala para aqueles que estão entrando, e se descobrindo, ou querendo se descobrir como Feedist. 


  "Diante da sociedade atual, o conflito principal existente se divide em três etapas, todas num mesmo patamar de importância, e por vezes, borbulha numa tensão íntima em cada indivíduo; Quem somos, quem devemos, e quem gostaríamos de ser?

 O meio social desempenha de forma magistral o papel de martelo, nos esmagando diariamente com dogmas de perfeição inatingíveis, com modelos de comportamento e expectativas de pessoas que nem conhecemos, mas, desejamos desesperadamente a aprovação. Em busca disso, nos sacrificamos, nos colocamos sobre bandeiras falsas do que somos e nos perdemos na busca infinita entre o eu interior e nossa felicidade verdadeira.

  Ainda assim, por mais que a sociedade seja implacável e impiedosa conosco e em nossas frágeis psiques, sejamos mais que fantoches sem alma, feitos para serem controlados pela mídia e sua terrível hipnose para a aceitação das massas e por pessoas sem rosto em meio à multidão.

Lutamos para nos libertar, para sair da berlinda que é a busca pelo corpo perfeito, escultural e modelado aos padrões de uma perfeição andrógina e magérrima. Em meio a essa luta, esse pleito silencioso, é a guerra contra a pressão social, a qual nos encontramos, procurando nos libertar e assim, nos transformamos em seres mais profundos e mais originais do que nunca, aceitando quem somos e o que desejamos realmente ser, sem o medo das represálias sociais.

 Mas o que nos tornamos? Adeptos a um estilo de vida? Ou escravos da nossa carência e desesperados pela aceitação de estranhos a ponto de nos tornarmos o que não somos? Como saber se estamos realmente livres?

 O conhecimento nos libertará e nos orientará e apenas sabendo exatamente como são os mantos que abraçamos, podemos talvez entender realmente quem somos nesse mundo, o mundo do feederism.

  Inicialmente gostaria de abordar aqueles que amam comer, que não resistem a um ótimo prato de comida, um churrasco e não medem esforço quando o assunto é comemorar com uma boa guloseima. Conhecidos como aqueles mais joviais nas festas, aqueles com o brilho no olhar e o prato de salgadinhos a disposição, essas pessoas são Foodes.

  Amor pela comida e comer, amor por aproveitar a vida e ser feliz com o mínimo de preocupação, são pessoas que eventualmente ganham peso, mas não tem isso como foco determinante, seu foco é aproveitar os sabores da vida e não se preocuparem quando ou o quanto vão comer além da sua satisfação.

 Logo, temos aqueles que amam ver uma pessoa comer, lhe cuidar, cozinhar ou lhe dar guloseimas, demonstrar seu carinho e seu afeto através da comida, através do ato de dar comida a seu alvo de afeição. O feeder, como é conhecido, é uma figura icônica e pivotal na relação do feederism. Conhecido por gostar de não apenas alimentar aqueles a quem tem carinho, mas também por gostar e apreciar o resultado de seu cuidado e zelo em forma de alimento ser transformado em uma marca física e real, palpável. Claro, não apenas definido pelo desejo de cuidar e alimentar aqueles que gosta, o feeder também é conhecido por estimular a pessoa a comer, a aproveitar cada momento possível para apreciar o resultado de seu estimulo e carinho, contudo, mesmo possuindo esse comportamento, é necessário ressaltar que nem sempre o feeder possui inclinação sexual para com uma pessoa por mais que este a deseje maior ou mais gorda, em alguns casos, mesmo que de menor incidência, um feeder pode gostar de ver aqueles que ama mais gordinhos apenas por amor incondicional.
 Como uma tia que alimenta um sobrinho e prefere ver a criança gordinha ao invés de mais magra, ou a dona de um gato que prefere ver o animal mais fofo ao invés de magro.

 Em seguida, temos o segundo papel pivotal nas relações regidas pelo Feederism, única em cada mulher mesmo quando segue padrões similares. Gulosa, uma verdadeira glutona, sem pudor com a sociedade, devassa diante de um banquete, a feedee, a mulher que come com o maior dos prazeres, que come com o simples desejo insaciável de satisfazer seu estomago e expandir suas curvas. A feedee é uma eterna apaixonada por si mesma, é uma mulher que descobre uma nova dimensão de si mesma, uma dimensão sensual e curvilínea, algo que desperta nela um desejo na maioria das vezes sexual, que lhe atiça e lhe compele a comer pelo simples prazer de sentir suas curvas pressionando contra o tecido das roupas, seu corpo mudando diante de seus olhos e toda sua vida alterar-se a cada quilo.

   Não é raro uma feedee, verdadeira quando acompanhada de um feeder, ganhar quantidades de peso consideráveis em pouco tempo. Quando sozinha no entanto, isso tende a ser mais gradual. Apesar da sociedade tentar intimidar essas mulheres e em raros casos homens também a temerem doenças  relacionadas a obesidade, muitos se revoltam e simplesmente deixam de ligar e viver com medo disso, preferindo comer o que verem pela frente em prol de seu desejo maior de expandir seus corpos, vistas com mais frequência nos EUA feedes verdadeiras podem chegar até 250kg sem o menor receio de problemas de saúde, e talvez até com mais saúde que muitas pessoas da geração ratos de academia.

 Em seguida temos o Gainer muito similar a Feedee em termos de comportamento, o Gainer possui apenas algumas diferenças com relação ao anterior, seu desejo é maior e mais forte, não focado apenas na comida, mas sim no ganho de peso, nada é mais importante do que ganhar a quantidade mais massiva de peso em menor tempo, recorrendo a remédios, suplementos, formulas e qualquer outra coisa que faça seus corpos crescerem, mesmo não havendo nesse perfil um amor tão explicito pela comida gourmet.

   Dessa maneira, são apresentados os quatro pilares fundamentais que categorizam os caminhos do feederism, obviamente há muitas ramificações. Contudo, não cabe no momento aborda-las.

  Todavia, o importante é ressaltar que, infelizmente muitas pessoas acabam abraçando esse estilo de vida devido a carência, a tristeza e buscando aprovação, a maior aprovação tem que vir de você leitor. É ser um de nós aquilo que deseja? 



     Como dito, o texto acima é de um seguidor do blog que resolveu contribuir pra nosso conteúdo. Mas gostaria de lançar uma reflexão, pois é justamente o que o texto nos propõe; será que de fato fazemos parte desse mundo em ressonância com nosso íntimo? Ou por uma necessidade desesperada de se encaixar em algum grupo, seja por quais causas forem? 

E ainda, precisamos mesmo de rótulos que nos identifique? 

Pensemos! 

Ademais, meus respeitos, admiração e agradecimento ao escritor do texto. Com certeza, dentre tantas pessoas que se dizem feedist, você conseguiu alcançar todos os temperos e condimentos que compõe o Feederism, e solver seu sabor e sua alma. 

Bjo da Vênus!

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Mundo Feedee da Vênus VI



Bom dia meus doces Feedists! 

Estou em falta com vocês, mas pra compensar esse mês teremos duas matérias no blog. 

Para o mundo Feedee da Vênus, o meu mundão particular "de meu Deus", quero contar uma experiência que passei esses dias muito inesperada. 

Bom, nem tanto inesperada por um lado, mas as circunstâncias foram um pouco. 

Estava a gorda aqui caminhando apressada ao banheiro de um shopping já pelo corredor de acesso, e, esparrei numa senhora, também apressada que me pediu desculpas - "Perdão minha filha, é que to desesperada pra fazer xixi". 

Eu sorri e disse que estava tudo bem. Entrei, fiz o que tinha que fazer e sai pra lavar as mãos e arrumar os cabelos, e derivados. Quando ela vem ao meu encontro toda saltitante e sorridente, falando enquanto lavava as mãos também: - Garota, eu tomo uns diuréticos que quando dá vontade de ir ao banheiro, tenho que ir correndo. 

E nisso eu lembrei que também tomo diuréticos e disse: - Ah! Eu também tomo, mas o meu não me dá essa vontade incontrolável de fazer xixi não. O que é chato é que devido esse remédio, eu to eliminando potássio e isso me dá cãibras as vezes. - Falei despretensiosa enquanto penteava os cabelos olhando pro espelho, e a vi se voltar pra mim e falar gesticulando: - Nossa, então você tem que fazer assim, deixa eu te orientar: Você tem que comer pelo menos duas bananas por dia e água de coco. Você é hipertensa, então tem que ir num endocrinologia e num nutricionista pra eles passarem remédios, mas esqueça dietas. Você tem que fazer uma reeducação alimentar. Você já tá diabética? Eu to falando isso, porque você é forte, né...

Ela disparou a falar olhando pra mim, e quando ela me chamou de forte, gesticulando com os punhos cerrados como se quisesse imitar uma pessoa forte, eu ri por dentro. Parei de fazer o que estava fazendo , me virei pra ela e fiquei admirando sua desenvoltura em adivinhar meus problemas de saúde apenas por eu  ter dito que tomo um diurético. Ela fez toda uma associação de doenças, pelo simples fato de eu "ser forte". E deixei ela falar. Alias, eu tentava interromper pra falar que não era hipertensa, mas ela se empolgou em salvar uma gorda das comorbidades e disparou a metralhadora. 

- Então você me desculpa tá falando isso, não to te chamando de gorda, mas você é forte, né! E com a hipertensão e mais a diabete, você tem que procurar um endocrino e reeducar sua alimentação. Olha pra mim, eu era imensa, tinha cem quilos - ... nessa hora eu pensei: " essa mulher tá me zoando! Se ela se considerava imensa com cem quilos, eu com bem mais, ela me considera "só fortinha"?" Mas aquela altura deixei ela discursar enquanto eu só ria por dentro, pensando de onde ela tirou essa diabete? E a senhora continuou:

- Fiz uma reeducação e hoje eu como igual bebê, de três em três horas, quantidades poucas. Você não vai passar fome! Eu como de tudo, mas pouco. Olha, você tem que ir fazer exames de hormônios, ver sua tireoide, glicose... - Nisso eu falei - Mas eu já fiz todos esses exames ai, não sou diabética nem tenho nada. O anti hipertensivo que tomo não é pra pressão alta.

Mas a senhora não desistiu de bancar a boa samaritana e me converter e continuou.

- Mas mesmo assim, como você é fortinha, é bom pra sua saúde, você fazer uma reeducação alimentar. Ver seus hormônios com um endocrino. Ele vai te encaminhar pra um nutrólogo e você vai ver como vai emagrecer. Basta ter força de vontade. Eu emagreci sem exercício, só corrigindo a alimentação, você come errado - Nisso eu já estava me casando aquele papo, mas ela estava sendo tão gentil que deixei, até ela disparar.  - Olha, vai ali na livraria do shopping mesmo e procura um livro que vai ser muito maravilhoso pra você estudar e se orientar. Ele fala de tudo que se passa com a gente. Tudo que eu tenho está lá - 

 E eu pensei na mesma hora, qual livro será; manual completo do Feederism? E ela completou - A BÍBLIA DA MENOPAUSA  - 

Putz! Aí já era demais, aquela coroa tava me tirando! De onde a louca tirou que eu to na menopausa e um livro desse me será útil? 

Respirei! 

Estava achando tudo maravilhoso ser vista como obesa, que ela achasse que por isso sou hipertensa e diabética, mas na menopausa? Me tirando de velha, e eu lá tenho cara de menopausa?! Então falei calmamente em tom emotivo, pegando nas mãos dela: 

- Nossa! Acho que esbarramos com as pessoas por obra de Deus mesmo. Não sei como agradecer a senhora por tantas orientações maravilhosas. A senhora parece a voz de Deus falando comigo, e falou tudo que preciso saber. - Ela sorria encabula, dizendo: "que nada minha filha". E eu continuei - Uma das coisas que vou levar pra sempre desse banheiro é o seu conselho de comer de três em três horas. Pode deixar que comerei muito bem a cada três horas sem falha. E tenho que ir agora na livraria procurar esse livro sobre menopausa. Tenho certeza que vai me servir muito. Obrigada viu, me dá um abraço? - Ela toda emocionada me abraçou e eu sorri sarcasticamente, praticamente me sentindo a Úrsula (a polvo obesa e cínica, vilã da Pequena Sereia). Ah vá! Menopausa é a fruta que se partiu!! E eu não sou "fortinha" (odeio esses eufemismos), sou gorda, obesa, imensa, enorme, uma bola de praia, uma jubarte em crescimento, ora bolas! 

Sai daquele banheiro ainda tentando entender a questão da menopausa, mas de uma mulher daquele quilate de doidice, se pode esperar qualquer disparate. E depois que a chateação da menopausa passou, eu refleti como as pessoas só de ver um gordo, já ligam logo a doenças. Porque ela me deu diabete e problemas hormonais sem eu sequer dar qualquer indicativo. Só porque eu sou gorda, tenho que ter essas doenças? 

A obesidade (até certo ponto) não é sinônimo de doenças, como magreza também não é de saúde. Há um olhar de piedade aos gordos: "nossa tadinho, deve tá todo ferrado com doenças, nem deve ter mais sangue correndo nas veias e sim nutella". 

A probabilidade é sim grande dependendo da sua alimentação, mas não é uma certeza. O que nos conduz a doenças do tipo são dois fatores; genética e alimentação pobre e rica em elementos nocivos. O sedentarismo também é um fator de grande peso, principalmente associada a uma alimentação (como a doida do banheiro disse), errada. Mas o problema como podemos ver então, não está na obesidade em si, mas como nos engordamos. 

Se eu não fosse uma feedee, ou se eu fosse uma feedee sem qualquer consciência já trabalhada do que eu mesma sou, possivelmente eu sairia daquele banheiro em grandes conflitos e arrasada. A mulher me chamou de gorda pelo menos umas três vezes, disse que eu estava doente por ser gorda, disse que eu tinha que emagrecer pela minha saúde e ainda argumentou sobre. A maioria das mulheres, mesmo dentro do nosso mundo, não consegue ainda ouvir um "sua gorda", de forma totalmente tranquila. Muito menos ouvir isso como elogio, ou estímulo como uma cantada do tipo: " sua gostosa". As palavras que remetem a obesidade são ofensivas às mulheres, Fomos criadas as tendo como insultos, humilhações, defeitos, zoação, depreciação, e todo teor negativo. É um tabu chamar uma mulher de gorda ou dizer que ela engordou. E isso vai de homens à pessoas em geral, cheias de eufemismo; cheinha, fortinha, gordinha, fofinha, inha, inha, inha. Quem consegue ouvir de alguém assim: Nossa, como você engordou, tá enorme" - E isso ser música aos seus ouvidos, e ficar excitado com isso se achando mais sexy? 

Bom, eu sei quem; Gainers e Feedees, totalmente amadurecidos, conscientes de suas naturezas e do que afinal é seu maior prazer íntimo e estímulo ao seu ego e sua libido. 

Bjo da Vênus! (da fortinha na menopausa)  ahahahhahah

Desculpem a formatação e possíveis erros de digitação nesse texto. Estou sem meus instrumentos próprios de trabalho, num note emprestado aqui e fazendo milagre! rsrs