Naquele quarto de motel, à meia luz, o ar estava incrivelmente quente para aquela hora da noite. Ele a olhava fixamente enquanto ela fazia sua mágica, e depois daquela magia, sabia que viria outro tipo de feitiço. Ela tirou lentamente o dedo dele da boca e disse numa voz suave:
- Eu quero mais de você.
Aquilo o fez subitamente sentir-se como se um vento muito gelado o tivesse atingido em cheio, e, logo em seguida, veio o calor intenso. Depois, a última coisa realmente lúcida que pensou naquela noite foi "ela é muito gorda".
Sim, ela era gorda, graciosamente gorda, sensualmente gorda. Apesar de já terem tido muitas conversas sobre o assunto pela internet, naquela noite ele entendera o porquê.
Foram a uma churrascaria de renome na cidade, daquelas com garçons usando conjuntos compostos de colete, camisa bem alinhada e gravata borboleta, o que contrastava ironicamente com o que serviam. Um cem número de cortes e formas diferentes de se comer a deliciosa carne era-lhes apresentado a cada volta de mesa.
E foi ali que ele presenciou a mágica dela pela primeira vez. Por uma hora, talvez mais,
ela simplesmente não recusou nenhum dos pratos que aqueles homens levavam num desfile de aroma e temperos. A cada oferta ela mostrava um sorriso agradável e dizia:
- Eu aceito, por favor.
Picanha maturada, cupim ao alho, carne de sol, pão com creme de ervas. Ele pensara que ela estava fazendo a alegria dos garçons naquela noite, pois nenhum deles passava com algo que não seria degustado por alguém naquele salão.
Ele apenas a observava com crescente interesse, girando na taça o vinho suave que havia escolhido para ambos e perguntando casualmente sobre o que ela pensava da beleza do acaso em Pulp Fiction.
Com os lábios brilhando com a gordura, ela continuava com seu ritual inebriante, que o deixava cada vez mais preso àquela cena.
Após duas horas, ele já não conseguia se lembrar de tudo o que ela comera. Agora eram as sobremesas.
Ela fora três vezes à mesa de doces e voltava sempre com um pequeno prato quase transbordando de tortas, pudins, sorvete e alguns figos e pêssegos em calda.
Levava lentamente a colher à boca, como uma jovem de quinze anos radiante em seu baile de debutante, mas ainda tímida.
Entretanto ele sabia bem que aquele aparente recato era mais um de seus truques. À medida que sua barriga ia se projetando contra o vestido decotado, os olhos dela iam assumindo uma voracidade que ele nunca vira.
Terminaram o jantar dividindo uma última taça de vinho, ele pediu a conta e, ao retornar, o sujeito que a trouxe tentou uma piada sutil:
- Estão satisfeitos? - disse, com um olhar de hiena.
Ela fez menção de responder, mas ele tocou seu braço e disse, frio, ao homem:
- Esforce-se mais da próxima vez. O serviço estava lento.
O garçom fechou a cara e a conta, e eles saíram para o frio da noite. Enquanto se dirigiam ao destino final, ele a tocava discretamente. Passava os dedos sobre as saliências que formavam ondas no vestido dela. Fazia desenhos com o indicador sobre sua barriga e perdia-se na visão daqueles seios enormes pareciam tirar-lhe qualquer pensamento racional.
Chegaram a um motel de suítes cujos telhados espiavam por sobre os portões. Seguiram um caminho curto até uma delas.
Era uma área descoberta onde havia uma piscina em formato de L no centro, uma churrasqueira à esquerda e um casa térrea com duas portas duplas de mareira.
Em frente à água, algumas cadeiras de praia úmidas do orvalho noturno refletiam uma fraca luz noturna.
Andaram de mãos dadas até a porta dupla mais ao fundo e abriram-na, revelando um cômodo simples com uma banheira de hidromassagem branca em formato triangular.
Ele girou as torneiras para fazer a água fluir e deixaram o lugar.
A outra porta abria-se para um quarto com cerca de 30 metros quadrados, uma enorme cama King Size coberta por um macio lençol azul-marinho.
Em cada lado da cama, um criado mudo com anúncios de produtos eróticos, pequenos frascos de óleo e lubrificante e um vibrador comum.
Porém, quando ela entrou naquele quarto não viu nada disso.
O que ela viu foi um sem número de bombons e trufas de chocolate espalhados a esmo sobre o lençol e, no centro, uma torta cor de creme e marrom.
Sentaram-se à beirada da cama e trocaram olhares ternos. Ele começou a deslizar novamente o dedo sobre as formas voluptuosas sob o vestido vermelho.
Tocou-lhe os lábios e usou a ponta do indicador para trazer o rosto dela até o seu, sentindo a maciez da gordura sob o queixo dela.
Aquele beijo foi longo, foi profundo, e foi aumentando de intensidade. As mãos dele já não deslizavam sobre o vestido dela. Agora apertavam as banhas na lateral de seu corpo, enchiam-se com a carne tenra de seu culote.
Sentindo o tesão dele aumentar, ela pegou-lhe pelo pulso antes que tocasse sua calcinha por baixo do vestido e disse:
- Um minutinho, meu amor, vou me trocar.
Saiu, dirigindo-se ao banheiro com uma bolsa de couro preta.
Pulsando vigorosamente, ele se levantou, colocou uma sequência de músicas para tocar no celular, tirou a camisa cinza e pegou uma cerveja no frigobar.
Abriu a porta, apagou a luz externa e ficou olhando a luz da lua refletida na piscina, quase imóvel naquela noite sem ventos.
Quando ele percebeu, ela já estava ao seu lado. Pensou se era tão silenciosa assim ou se era ele que estava muito distraído.
Quando virou o rosto para olhá-la, teve um súbito calafrio. Era linda;
usava uma lingerie preta, sutiã rendado sem bojo, pois aquele par de peitos não podia ser contido,
a calcinha era apenas um pequeno retalho de tecido entre suas fartas coxas,
o resto estava escondido sob a barriga gorda. E ela era branca, grossas pernas, braços roliços, ancas largas, barriga redonda que se movia suavemente com o riso dela. E seu rosto e os seios eram muito redondos, um conjunto de luas naquela noite calma.
Sim, ela era a sua Lua, branca, reluzente e redonda. Olhou para a lua no céu e teve vontade de rir do Universo, "a minha é muito mais gostosa", foi o devaneio que lhe veio à mente.
Além de tudo, sua lua particular parecia ter sua própria gravidade: suas mãos eram atraídas para o corpo dela quase involuntariamente.
Ela sabia disso e atraiu-o novamente à cama. Queria comer aqueles doces para ele, pensar neles enchia-lhe a boca de saliva, e pensar no tesão dele alimentando-a enchia-lhe os lábios com lubrificação.
Ela sentou-se sobre o lençol azul, uma perna dobrada e a outra quase estendida sobre a cama,
apoiando-se em uma das mãos, numa pose charmosa que ele sorveu com os olhos. Ia pegar um dos bombons mais próximos quando ele avançou, prendendo-lhe o pulso como ela fizera antes, e disse, com um leve sorriso:
- Só vai comer quando eu deixar... se merecer.
Olhou-o divertida e começou a acariciar a barriga.
Vendo aquilo ele tirou os sapatos, desabotoou o cinto e deixou cair a calça preta, revelando uma cueca boxer da mesma cor.
Ela acariciou a saliência dura por cima daquele tecido preto, tirou-a para fora e envolveu-a com a boca.
Sentia as pulsações dele aumentando enquanto ela chupava com desejo incontrolável.
Ele passava os dedos entre seus cabelos e respirava fundo, quase ofegando.
Após deixá-lo todo molhado de saliva, ela olhou para cima sem dizer nada e ele disse:
- Tudo bem, você ganhou tudo, mas não pode deixar sobrar nenhum pedacinho. Ela riu e perguntou:
- Será que o café-da-manhã daqui é bom?
Ele gostava cada vez mais daquele jogo. Pegou a torta de kitkat no centro da cama e colocou entre as pernas dela.
Ela tirou a tampa de plástico da embalagem e arrancou um grande pedaço com as mãos. Levou-o a boca com avidez e deixou cair algumas migalhas sobre a barriga.
Trouxe até ela uma garrafa de Coca-Cola que encontrou no frigobar e colocou um canudinho. Ela devorava a torta, sujando as mãos, o rosto,
os seios e a barriga; ele dáva-lhe de beber com a mão esquerda e acariciava-lhe a barriga crescente com a direita.
Aquilo era a melhor sensação que já sentira; pela primeira vez ele era quem deveria ser, o provedor, o macho alfa, o feeder; via o deleite nos lábios dela e sentia-se maravilhosamente homem.
Talvez em menos de trinta minutos, parando de mastigar apenas para provocá-lo com um comentário sexy ou beber um gole de coca, ela já tinha comido quase toda a torna, exceto alguns pequenos pedaços isolados.
Ele entregou-lhe a garrafa, que devia ter ainda uns 100 ml; ela entornou-a e deu um pequeno arroto seguido de um sorriso.
O sorriso dele foi mais selvagem, estava chegando ao limite da razão. Pegou um dos pobres pedaços restantes,
esmagou-o entre os dedos e passou o chocolate sobre a barriga dela, quando ela pegou a mão dele e chupou-lhe os dedos. Por fim, disse:
- Eu quero mais de você.
Continua...
Este foi um conto que um leitor enviou ao blog. Resolvi dividi-lo em partes, porque ele é um pouco longo. Espero que gostem e acompanhem a próxima publicação.
Bjos da Vênus sabor kit kat!