segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mundo Feedee da Vênus ll



Finalmente vou abordar um assunto que me foi perguntado há um tempo e agora estou com certa folga pra explanar.

Como eu comecei a ganhar peso já que fui durante muito tempo, bem magra.
Ao contrário do que possa parecer, não comecei a engordar por causa do fetiche. Mas por um processo não natural de ingestão de remédios para ovulação durante algum tempo. Associado a problemas hormonais na época, eu engordei bem na tentativa de engravidar. Porém depois de quase um ano tomando os remédios e engordando, não consegui engravidar e resolvi parar e tirar aquela ideia fixa da cabeça e curtir outras coisas na vida. Mas aí já estava com um peso alto que foi difícil diminuir, por mais que eu tentasse, pois ainda queria engravidar.
Mas não demorou muito e eu engravidei com sobrepeso mesmo. E sem tomar os remédios. Depois do primeiro, após alguns anos veio o segundo, e não parei mais de engordar gradativamente. Até porque perdi a neura com dietas e magreza. Não tinha tempo de pensar sem ser magra, porque estava muito tomada com a dádiva de ser mãe.
Bom, depois do nascimento de meu segundo filho, eu emagreci bem, mas nunca mais voltei ao corpo de antes. E bom, não ligava muito. Nem pro que as pessoas falavam. Mas já que tocamos no assunto gravidez e sobrepeso....

Gula e gravidez!

As gordinhas e glutonas, que estão grávidas, aproveitam mesmo pra cair de cara na comida, porque ela tem a desculpa de estar comendo por dois. E comem muuuito sem culpa. Uma vez sentei sozinha numa lanchonete e comi 40 bolinhos de bacalhau! Ela na verdade sente liberdade de exteriorizar a sua necessidade, vontade, desejo e tesão de comer descontroladamente tudo o que se quer. Que não faz isso porque tem medo de engordar e vergonha do que os outros vão dizer. Alias, fato é que a maioria das mulheres tem vergonha de comer muito estando na companhia de homens e principalmente, claro, em público. Não sei por que será que fomos colocadas como sexo frágil, e se criou todo um arquétipo pra nós de delicadas, finas, amáveis, frágeis. Que um prato de pedreiro não combina com a mulher. Tenso é um almoço num self service, pois todos ficam reparando de canto de olho o tamanho do prato de cada um e se cutucando. Rsrsrsrs Tenho uma amiga que quando vamos comer juntas, ela coloca tudo regrado, mas vejo que ela tá com água de boca pra encher o prato de tudo. E eu falo pra sacanear (olha aquela lasanha ali! Menina, não estamos comendo a quilo! Coloca comida direito desse prato, tonta!) Mas e a vergonha de desfilar pelo restaurante com o Himalaia no prato? Ahh, mas homem não tem problema andar com o Everest, afinal eles precisam comer bem, tadinhos! Nós é que não precisamos. É falta de educação e etiqueta! Ah vá! É certo que o homem tem a média de peso mais alta que a nossa e também sua dieta tem um pouco a mais de calorias que as mulheres, mas não é pra tanto.

Eu sempre comi muito porque eu gosto de comer e ponto final. E não aceito que o meio tenha que dizer a quantidade que é permitida, aceitável e elegante eu comer. E é essa liberdade que eu amo e me orgulho por ter atingido esse nível mental, digamos assim. De não aceitar absolutamente nada que o meio me impõe. Mas essa mentalidade ainda não foi proveniente do fetiche. É de uma personalidade mesmo, mas madura que quando me desvencilhei do que os outros ditam pra mim do que é belo, fino, alegante, aceitável, que roupas me cabe melhor, quanto devo comer, passei a ser livre. A única “prisão” que tenho é com relação a minha saúde. Isso sim vale regrar certas coisas se temos pretensão a desenvolver certas comorbidades, o que graças a Deus não é meu caso. Mas voltando...

Como o fetiche me abraçou?

 Muitas pessoas me mandam e-mails perguntando como eu entrei no fetiche.

Vamos lá...



Tenho imenso orgulho de como esse mundo se manifestou em minha vida. Conheci uma pessoa que sua primeira fala pra mim foi perguntando o que eu achava se tivesse uma pessoa que a cada dia me estimulasse a engordar cada vez mais. Oferecendo-me comida, cozinhando pra mim, me servindo café da manhã na cama e várias outras guloseimas pra me deixar maior a cada dia. Ser servida constantemente e agradada em tudo o que eu quisesse comer. Achei aquilo mega estranho, mas curioso. Confesso que pensei que o cara não era muito normal, mas no fundo também achei até romântico, porque ele descrevia tão bem a cena de me servir com as minhas comidas preferidas, chocolates, massas, tudo que eu mais gostava. O que obviamente como BDSM, me instigou pelo fato de ser servida como uma rainha. E ele me perguntou se eu aceitaria tudo isso e me incomodaria de engordar. Eu pensei e respondi que aceitaria sim, desde que o processo não causasse mal a minha saúde.

Eu estava falando com um feeder e não sabia. Naquela época, eu nunca tinha ouvido falar sobre o fetiche. Só era BDMS. Pensei que fosse um comportamento só dele, uma fantasia, algo que ele gostasse de fazer, de servir a namorada e gostasse de gordinhas. Mas por outras questões levamos aquele encontro pra amizade. Porém com o desenrolar dos dias e semanas, o rumo da amizade foi tomando outro contorno e a gente foi se envolvendo romanticamente, e conforme foi aumentando esse envolvimento, o comportamento dele pra me engordar também crescia. Que se tornou ainda maior depois que nos vimos pela primeira vez, pois eu “estava magra” para os padrões dele. Morri de rir quando ouvi isso! E pensei “ Gente! O cara é estranho mesmo, ou de outro mundo”. rsrsrs  

Ele nunca escondeu, nem foi indireto nas intenções, desejos e prazeres dele. Ou de alguma forma tentou camuflar suas intenções. Pelo contrário, sempre foi muito claro e explícito. Eu achava estranho, mas ao mesmo tempo algo me atraia naquilo tudo. Pensei que ele fosse o único homem do mundo a pensar e agir daquela forma, a querer aquilo.
E existiram alguns fatores que me estimularam a “dar corda” pra todo o comportamento dele....

Primeiro que eu sou psicoterapeuta e vi ali uma oportunidade de analisar a personalidade e erotismo de uma pessoa ímpar que eu nunca tinha visto parecido. Sou realmente fascinada pela mente humana e seus comportamentos. E muito do que a pessoa em termos de personalidade se estende e é sua síntese do ser, com sua expressão sexual e erótica. Por isso estudo vários fetiches e comportamentos sexuais. E desde que o conheci, escrevo sobre esses comportamentos que até então, não sabia ser referente ao Feedism.

Segundo que como fetichista S/M com o passar do tempo, entendi que ali havia um fetiche, mas como exatamente isso se manifestou nele e até onde ia tudo isso? Poderia ser uma vertente BDSM? Que mola impulsionava aquela engrenagem toda?

Terceiro e talvez mais importante, eu me envolvi realmente, não somente romanticamente, mas afetivamente pela pessoa e me apaixonei por tudo que ele me oferecia. Um universo completamente novo, uma expressão nova de sensualidade, poder misturar prazeres como o ato de comer algo maravilhoso e sentir excitação sexual, ser estimulada sexualmente ao mesmo tempo.

Com o tempo, vi um leque imenso de formas de explorar prazer, desejo, sexo, gula, volúpia, e todos esses fatores intensificava tudo e fui me sentindo renovada por algo completamente inusitado e novo pra mim.
E um plus nisso tudo é que apesar de nem sempre ser gorda, eu teria uma pessoa que pela primeira vez, não precisaria encolher a barriga, ou disfarçar uma gordurinha aqui e ali, me preocupar se ela estaria me achando gorda demais, nem vergonha de me “despir” por inteira.

Dai com o passar do tempo meu comportamento foi se desenvolvendo de uma forma natural com todos os elementos de uma feedee. Ele me estimulava a comer, a ser gulosa e a engordar e eu correspondia a tudo isso, não só por ele, mas porque descobri que tudo isso, me excitava muito e me dava muito prazer; comer e saber que aquela delícia me faria engordar e  ficar mais gostosa. E comecei a sozinha ter fantasias e associar comida ao prazer erótico e ao sexo. A sentir meu corpo, toca-lo e achar gostoso o toque e querer engordar mais porque tinha prazer com ele tomando formas mais volumosas. E passei a de fato a querer engordar mais. E a cada quilo ganho, eu ficava feliz e eufórica (como uma dieta ao contrário). Ele me deu ideia de tomar estimulador de apetite que passei um tempo tomando. Mas depois de certo tempo, ele falou sobre eu tomar shakes calóricos pra ajudar a engordar.

E esse shake pra mim foi um divisor de águas que depois disso, entrei por um caminho que não tinha mais como voltar. Acho que foi a última peça que faltava pra que minha personalidade feedee aflorasse de vez em toda sua plenitude e intensidade. Porque todas as vezes que eu preparava o shake como ele me pedia, era invadida por uma satisfação, um prazer e contentamento que chegava ao seu ápice quando eu tomava até a última gota da bebida. Nada se comparava ao prazer de tomar o shake e sentir tesão desde o preparo até terminar de beber e sentir minha barriga sendo preenchida, ficando cheia, crescendo e expandindo. Sentir prazer em toca-la maior e mais mole, gostosa ao toque, é algo que não dá pra definir com palavras. É como um orgasmo. Você só sabe sentir, mas descrever as sensações, é complicado e todas as tentativas só serão verossímeis.  

Enfim, ele me apresentou ao fetiche e eu o desenvolvi naturalmente, claro com a ajuda dele. Somente muito tempo depois quando eu já era uma feedee plena, foi que ele me falou da existência e sobre o nome do fetiche, que era pra eu procurar sobre feeder, feedee que ia me encontrar. Então depois disso, pra mim foi fácil entender os feedist, porque eu entendi que todos os comportamentos que eu tinha se encaixava na figura de uma feedee e o dele de um feeder. Todo o perfil de uma feedee estava em mim, sem que ninguém me mandasse fazer ou sentir isso ou aquilo. Até porque ninguém consegue acredito eu, ter uma emoção, desejo ou prazer, porque alguém está mandando. Ou sentimos ou não sentimos. Podemos fingir, mas produzir sem de fato, querer só porque alguém mandou, não tem como.

Tomei decisões, tive comportamentos sem sugestão também dele, de forma muito íntima e espontânea. E passei a pesquisar, ler, estudar, entrar nos sites destinados ao Feedism para conhecer mais, entender, analisar, porque isso tudo me fascinava, afinal era uma fonte indescritível de prazer pra mim e que ao meu ver aconteceu tão naturalmente que chegava a ser poético.

Passei a ler muito, analisar comportamentos e conversar com N feedists e ver as similaridades, as diferenças, as práticas, enfim, tudo que diz respeito a esse mundo. Criei meu próprio caminho dentro do fetiche e tenho minhas próprias ideias e análises. O que eu gosto, o que não gosto, o que me excita e o que não me excita. Qual a minha praia dentro do fetiche.
      
      Esse mundo é tão rico e complexo que podemos explorar várias coisas pra ver o que sentimos e se gostamos. Particularmente, eu definitivamente sou feedee. Não me vejo como foodee porque não me excita muito o ato de comer até não aguentar mais e sentir o estufamento. Isso pra mim se encaixa como uma pratica eventual pra diversificar, vamos colocar assim, como uma brincadeira erótica, mas não que seja o cerne do meu estímulo e prazer dentro do fetiche. Não me vejo como feeder porque não tenho o menor tesão em ver o corpo de meu parceiro engordando, pelo contrário. Logo eu não o estimularia a engordar. Alimenta-lo até pode ser um plus interessante numa brincadeira, mas não que seja o “must” do meu desejo. Mas com um ato de compartilhamento e troca. Mas não como uma feeder.
Ser Mutual? Acho que caberia pra mim até certo ponto. O entrave aí é que a maioria dos Mutuals não curtem que a parceira engorde a grandes níveis, porque o prazer dele está no estufamento e ver a barriga crescer. Se a pessoa é gorda demais, não dá pra ver diferença quando se pratica um bloating ou Stuffing. Aí perde a graça! O que pra mim somente isso não tem muita graça. Então dá pra entender que apesar das similaridades, afinidades há uma linha que separa o feedee e feeder dos outros personagens do fetiche, que é o processo de engordar e como se  alimentar. Pra um grupo, o prazer gira mais em torno do alimentismo; comer até não poder mais, estufar, inflar, sem necessariamente ter que engordar muito por isso e dai liga-se o clik do desejo sexual e pronto: acabam-se as preliminares e vamos pro sexo de verdade.
Porém pro outro grupo o cerne da questão é o prazer em comer, saciar a gula e engordar. Sentir o corpo crescendo, ficando mais pesado, mais cheio, toca-lo, sentir o peso e as dimensões grandes. E desfrutar desse super corpo no ato sexual. Para uma feedee três coisas caminham inseparavelmente: fome, comer, engordar, tesão. E para um feeder o que move o seu prazer e libido não é somente ver o outro comer, mas sim, ve-la engordar. Imagina-la com 20, 30 quilos a mais. Ver seu corpo tomando formas grandes e poder sentir, tocar no corpo mais fofo, mais pesado. Saber que seu papel como estimulador está fazendo sua feedee perder roupas, balanças subirem, e isso o estimula a cada vez mais fazer de tudo pra que ela engorde mais. A sua libido, assim como todo fetiche se concentra em algo, e nele se concentra justamente no processo de engordar da parceira, da gula com que ela come para crescer e da satisfação que tem com tudo isso. Pois se não é prazeroso pra ela, pra ele, também não terá sentido. É justamente por isso que é tão difícil achar feedees. Porque muitas até concordam em engordar, mas o fazem pelo parceiro, pela relação e não por sentir real prazer com seu corpo engordando, não sente tesão comendo, nem volta sua satisfação pra parte sexual.  Porque uma feedee mesmo, pode ter um orgasmo só de comer um pedaço de torta de chocolate ou um bom e generoso pedaço de pudim. Obviamente que isso não ocorre a toda hora, mas se estivermos voltadas para o fetiche e seu lado erótico na mente, vamos comer já abertas ao prazer do fetiche.

Sinto-me uma sortuda porque deve ser mais que horrível se ver dentro disso e não ter com quem compartilhar, sequer conversar, ou ser entendido. Realmente essa “dor” eu nunca tive.

E também pela forma como o Feedism bateu na “tela do meu computador” e toda a mágica foi acontecendo aos poucos espontaneamente e naturalmente. Surgiu de dentro pra fora genuinamente.

Imagino...imaginem agora como deve ter sido para o feeder, simplesmente esbarrar com uma mulher e apresentar uma ideia. Ela aceita meio que no momento, mas depois leva a sério e a abraça com todo prazer e contentamento. E ele simplesmente fica de camarote acompanhando todo um processo de transformação de uma mulher comum (não feedist), numa feedee, sem que ele nunca tenha falado sobre tal fetiche ou tal comportamento com ela?  A cada dia vê-la desenvolver sozinha um comportamento feedee com tanta aceitação, empolgação e alegria. Eu não sei, mas se eu tivesse no lugar dele, como feedist, me consideraria o cara mais sortudo do mundo. Talvez um dia eu pergunte a ele, como afinal ele se sentia ser parte propulsora para ver surgir uma feedee. Talvez ele possa dizer que: “se é difícil achar uma feedee no Brasil, ora, faça uma porque comigo deu certo”. rsrsrs  

Mas mesmo com tudo isso, o que acredito que ser algo raro de se acontecer, do tipo “um em um milhão”, é difícil achar uma pessoa que realmente tenhamos afinidades, que sintamos bem ao lado. Porque não basta ser outro fetichista. Tem que haver afinidade, prazer mútuo, se sentir a vontade, ter química para se construir algo mais duradouro e estabelecer um casal, parceiros pra dividir esse estilo de vida juntos. Isso realmente não é tão fácil, mesmo pras feefees. Como qualquer relação afetiva há de ter afeição, afinidade, bem querer, pois se a motivação for só sexual e no nosso caso sexual e fetichista, ela não tem muito futuro e enfraquece cedo.

Já conversei bastante com muitos fetichistas; feeders, foodee, feedee, mutual que tiveram um relacionamento com outro fetichista e a relação acabou. Eu perguntava meio espantada “mas por que”? Tive dificuldade no primeiro momento de entender, como se acha um parceiro dentro disso que é algo tão raro e se termina. E um feeder certa vez me falou “ terminamos porque.. ahhh nem tudo gira em torno de comida”. E realmente ele estava certo. Não basta ambos serem pares dentro de fetiche. Um relacionamento vai muito além disso. E nem sempre temos compatibilidades fora do fetiche e devemos aceita e entender.

Como Feedists somos tão carentes de outros fetichistas, de pessoas que nos entendam e possamos conversar que simplesmente se torna um processo mais doloroso talvez, quando finalmente se acha um par ou mesmo um amigo, e esse vínculo de rompe por causas diversas fora do mundo do feederism. Porque temos a certeza que será bem difícil achar outro companheiro pra dividir tantas delícias assim, que fale a mesma língua e nos aceite com nossas fantasias e “objetos de prazer”.
Mas vamos construindo mais pontes e menos muros que nos separe. Afinal quantas feedees, feeders, foodee, existem por aí, sem saber que são como eu?

Boa noite Feedists !


Bjos da Vênus....


Essa matéria em especial não poderia ser dedicada a outra pessoa! Se ler, só tenho uma palavra a dizer: OBRIGADA! O mundo Feedee da Vênus também é seu!

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