Boa noite a todos!
Falarei hoje sobre um assunto que é o
cartão postal do feedism nos documentários bizarros que criam para programas de
televisão. E foi uma pergunta que me fizeram um tempo atrás em um e-mail que
recebi.
Já fiz alguns comentários sobre o
tema, mas volto a abordar agora sobre a imobilidade.
Cada um tem o direito de faz o que
bem entende com o corpo, sua saúde e sua vida. E desde que a pessoa não
manifeste que quer retroceder em sua escolha, acho que devemos deixar cada um
ser viver ao seu modo, desde que claro, isso que esteja ferindo a integridade
de outras pessoas, além dela mesma.
Então respondendo sobre minha opinião acerca da imobilidade. Sou categoricamente contra, e, jamais aceitaria isso mim. Acredito
firmemente que podemos viver muito bem o fetiche e ter muito prazer com ele,
sem jogar todo o resto da nossa vida fora e reduzir anos de vida com isso, uma
vez que a obesidade a tal ponto acarreta várias complicações de saúde que
inevitavelmente nos roubará muitos anos que poderíamos viver saltitantes por
aí, curtindo tudo o que a vida tem a nos oferecer ao invés de estar entrevada
em cima de uma cama, resumida a comer, fazer sexo e comer de novo.
A imobilidade pra mim é outra forma
de prisão. É direcionar toda sua vida
pra um único propósito, pra uma única pessoa e viver o resto da vida totalmente
dependente dela. Pra uma pessoa como eu, isso seria pior que a morte. Mas o ser
humano também é feito de extremos e desequilíbrios. O amor dá lugar a obsessão
e o fetiche ao vício descontrolado.
E como diz a canção: “ A gente não
quer só comida. A gente quer comida, diversão, balet”. Quero que o fetiche faça
parte da minha vida, mas não que seja toda ela. Precisamos viver, trabalhar,
produzir, cuidar de nós mesmas, passear, interagir com o mundo e não passar o
resto da vida em cima de uma cama, ou se arrastando por uma casa, tendo
dificuldades até pra ir ao banheiro. Mas somos responsáveis por nossas
escolhas, e prisioneiros das consequências também.
E por falar em consequências... Vamos
ver alguns casos de imobilidade de algumas das pessoas mais obesas do mundo e
as consequências de seus níveis de obesidade pra que nós possamos ter uma ideia
do que o descontrole pode nos conduzir e como é estar nesse patamar de peso.
A americana de Iowa, Charity Pierce
de 38 anos é atualmente uma das mulheres mais obesas do mundo, com 346 quilos.
Ela sofre de linfedema, uma complicação linfática que nela causou grave inchaço
nas pernas e quadril. Atualmente ela luta para conseguir uma cirurgia para
auxilia-la na perda de peso. Não preciso nem dizer que ela se locomove com
muita dificuldade com ajuda de um andador.
Os médicos de sua cidade se recusam a opera-la, a menos que ela emagreça
90 quilos.
Terri Smith de 44 anos, tem 317
quilos também mora nos Estados Unidos, Ohio. Confinada em seu quarto, ela
depende do marido e da filha para tudo, até para se mover na cama. O problema é
agravado porque ela sofre de intensas dores de cabeça e não consegue sair de
casa para ir a hospitais. Tão pouco entrar no aparelho de ressonância magnética
para uma tomografia.
Mayra Rosales
Em alguns sites podemos vê-la sendo
chamada de mulher mais gorda do mundo com quase 500 quilos. Ela ficou conhecida
mundialmente em 2008 porque foi acusada
de matar o sobrinho. Mayra alegava que matou acidentalmente a criança ao cair
por cima dele com seu mega corpo. Porém a polícia não acreditou que ela teria
condições de sair da cama e andar pelo quarto ao ponto de tropeçar e cair por
cima dele. Além de após a autopsia do corpo, foi constatado que a criança tinha
evidencias de maus tratos e violência o que não era compatível com um
esmagamento. E ela foi inocentada. Rosales foi manchete em muitos jornais Norte
Americanos e tem um vídeo no youtube que exibe ela tomando banho em sua cama
por um cuidador. Porém li num site que atualmente ela emagreceu cerca de 380
quilos e está mais magra do que eu. Por volta dos 80. Mas quem souber de
informações mais atuais, por favor, poste nos comentários.
Agora já imaginou uma pessoa tão
gorda, mais tão pesada que seria preciso treze pessoas apenas para lhe virar de
lado em sua própria cama? Jon Brower é considerado o homem mais pesado da
história com seus 635 quilos. E isso era apenas um peso estimado pela
dificuldade extrema de mobilidade e consequentemente pesa-lo precisamente. Também
norte americano da cidade de Washington faleceu aos 41 anos em 1983 devido a
complicações provocadas pelo excesso de peso.
Agora outro record. Michael Hebranko
entrou para o guinness book como a maior
perda de peso já registrada. Ele passou de 411 quilos para 90 quilos. Michael é
interessante porque quando se internou no hospital São Lucas em Nova York e
entrou em tratamento para diminuir peso, conseguiu perder mesmo. Com dietas e
exercícios físicos com um personal trainer Richard Simmons. E com seu novo peso,
ele saiu viajando pelos Estados Unidos dando palestras de incentivo a
atividades físicas e emagrecimento. Participou de talk shows e comerciais
promovendo seu treinador Simmons. Porém voltou a engordar no decorrer de sete
anos, chegando aos 453 quilos. Precisando sempre de equipe de bombeiros para
tira-lo nas diversas vezes que precisou de hospitalização devido a complicações
em sua saúde precária. E em junho de 1999 atingiu seu peso máximo, pesando 500
quilos. Falecendo em 25 de julho de 2013
aos 60 anos. Devido a problemas no coração e hepáticas.
O que essas pessoas tem haver com o
Feedism? Tomo cuidado ao falar das pessoas e passar uma imagem que pode não ser
verdade. Não estou dizendo que essas pessoas atingiram tais pesos por causa do
fetiche. Longe disso. Quem é realmente, o é de forma bem discreta e não sai por
aí gritando aos quatro ventos que é gainer, feedee, ou feeder. A única mulher recordista
referente a obesidade que é declaradamente ligada ao fetiche que eu conheço é
Donna Simpson. Que está no livro dos records como a mulher mais obesa a dar a
luz. Seu marido era um feeder e juntos tinham planos para que ela conseguisse outro
record; ser a mulher mais gorda da história. Mas ela desistiu após divorcio e o
alerta dos médicos: “ou emagrece, ou morre”. Então mudou sua meta para
conseguir chegar aos 170 quilos para poder voltar a cuidar de si mesma e sua
família.
Então esses casos de obesidade
extrema é sempre colocado como uma aberração e monstruosidade e muitas pessoas
olham pra isso aterrorizadas ou enojadas, ou extremamente compadecida. Embora
eu seja contra a imobilidade dentro do fetiche, não posso ligar os casos a nós.
Mesmo que saibamos que há feeders e feedees que se lançam para ter suas vidas incluídas
nesse cenário. O que nós podemos ver em todos os casos trazidos na matéria e
muitos outros pela net é a precariedade com que essas pessoas passaram a viver
e isso é triste sim. Uma pessoa que para ser tirada de casa precisa do corpo de
bombeiros, demolir parte da casa, ou mobilizar N pessoas apenas para move-lo do
lugar, não é alegria para ninguém. Todas as pessoas que relataram seus casos de
imobilidade ou quase, se queixam que vivem com dores todos os dias e pra fazer
as coisas mais básicas da vida é um tormento diário.
O que finalmente estou querendo
colocar é que o feederism pode ser maravilhoso, mas não é “um passeio no parque”
para as feedees e para os gainers. A linha entre curtir prazer, gula, tesão e
alegria em engordar e se entregar aos prazeres da comida, a um estado de
completa debilidade e sofrimento devido ao extremo ganho de peso é muito tênue.
Pois uma vez que desenvolvemos o prazer erótico em comer e crescer é algo muito
difícil de ser freado, mais ainda interrompido. O fetichista que engorda
precisa de tempos em tempos de freios para manter um ganho controlado. Nem falo
em parar de ganhar, mas ir devagar por alguns períodos e principalmente cuidar
de sua alimentação, que ela seja rica em calorias, mas calorias “boas” e uma
dieta balanceada. Então é preciso entender que deve haver disciplina e boa
vontade para não chegar nem perto de trezentos quilos.
Quando falamos “nossa é muito gorda”.
Mas esse “gorda” é algo muito relativo. Porque o que uns podem achar algo
imenso, pode não ser para outros. E quando eu falo que quero ficar bem gorda,
você pode ter uma ideia do que seja bem gorda, e outro pode imaginar diferente.
Então vamos apelar aos números.
Uma mulher considerada bbw é de 130
quilos pra cima, mas tem gente que estipula de 150 pra lá. E daí vamos subindo
aos 160, 170, 180...O mundo feedee é de altos ganhos de peso. Porém esse ganho
é ou pelo menos deveria ser, relativo a receptividade da pessoa com quilos
adquiridos. Uma pessoa que apresenta aos 140 ou até menos, algum problema de
saúde grave, taxas elevadas e outras complicações, deve parar e cuidar de sua
saúde. A nossa estrutura óssea sente com o peso que tem que carregar que só vai
aumentando. Passamos a sentir dores nas articulações sobrecarregadas e a cada
dia vai diminuindo nossa disposição para trabalhos que exijam força e grande
mobilidade física. E se acomodarmos, vamos ficando piores e o ganho de peso é
maior, porque estamos gastando cada vez menos energia. Sem falar que criamos o
costume de comer muito, logo nosso estomago é maior do que a maioria das
pessoas, e portanto, “pede mais comida”. A dieta para perda de peso é mais
difícil por questões físicas e claro, psicológicas. Então fica claro que quando
se atinge X peso, se torna mais difícil regredir para qualquer obeso. Para um
obeso feedee, complica muito mais. Porque o obeso não feedist, não criou o
gatilho de comer e sentir prazer sexual com isso e estimular sua libido. Nós
sim. O não feedist somente ama comer e sentir saciedade com a comida. Nós além
de amarmos isso, somos acionadas eroticamente. O que faz com que sejamos muito
mais dependentes e viciados em comer do que qualquer outra pessoa no mundo.
Portanto vendo por esse prisma, ser
feedee e coloco gainers também, pois toda feedee é gainer. É algo realmente
complexo. Trilhamos por um caminho que pode chegar ao precipício e nem darmos
conta disso. Para as pessoas que estão de fora e sequer conseguem mensurar a relação
que muitas pessoas tem com a comida (não feedist também) é algo muito fácil
fazer dietas e emagrecer. Acha que todo gordo é sem vergonha e não emagrece
porque não quer, ou é fraco e sem vontade. Mas daí comparo ao entendimento
também que ignorantes tem sobre os alcoólatras e dependentes químicos. Pessoas
simplesmente acham que o alcoólatra não para de beber porque não quer, é safado
e adora dormir na sarjeta e dar vergonha aos filhos. Quando o alcoolismo é uma
doença que leva a morte e claro, destrói famílias. Mas como qualquer outro tipo
de vício e compulsão, podemos claro, frear e controlar.
Vênus, mas você está dizendo que a
obesidade ou o fetiche é uma doença? Eu não vejo obesidade como uma doença,
muito menos nosso fetiche. A obesidade ao extremo e sem controle, simplesmente
pode ser o agente causador de uma série delas e nos levar também a morte. E quando
o fetiche vira compulsão sem controle, obsessão, e por mais que precisemos
puxar o freio de mão, não conseguimos. Aí chegamos ao ponto sim, de uma doença
que precisa de ajuda para que possamos voltar a ter o domínio sobre nossos
impulsos. E decidir até onde podemos engordar e quando regredir. Ai meninas,
colocamos um Personal Trainer no lugar do Feeder. Ahahaha
Pra quem acha que ser feedee é fácil,
que engordar é fácil, que ser gorda é fácil como colocar uma fantasia de Moby
Dick e sair por aí desfilando... Sinto afirmar que NÃO É.
Cortejamos o descontrole que pode nos
levar a doenças e um nível tão severo de obesidade que ficamos completamente
dependentes de outras pessoas para tudo em nossas vidas, até pra beber água e
coçar o pé. Então é preciso sabedoria e autocontrole pra saber a hora da
entrega total, a hora da entrega parcial, ou da suspensão. Mas adquirir essa
disciplina quando se é feedee, é extremamente difícil e vamos fracassar algumas
vezes. Pois a liberdade de não ter que medir e calcular o quanto vamos comer, é
uma conquista pra nós. É o que nos move e é justamente um dos fatores que
compõe a personalidade feedee. Digo porque sei do eu falo. Já tentei algumas
vezes controlar o ganho de peso, mas não durava muito tempo.
Mas então porque ser uma feedee?
Porque ser isso ou aquilo não é algo
que escolhemos: “agora eu quero ser feedee”, agora quero ser foodee. Podemos
ser atraídas pela luz do fetiche, mas se vamos realmente acender nossa vida com
ele, é incerto. Todo personagem do fetiche, desenvolve os padrões de
comportamento similares uns aos outros dentro de “sua categoria”, mesmo sem ter
contato ou conhecer o fetiche. Por quê? Porque aquela pessoa tem traços de
prazer, desejos e gostos, voltados para o fetiche e que estão adormecidos
dentro de si. Ela precisa de um gatilho para despertar isso e direciona-la para
então sentir o fetiche explodir de dentro do seu íntimo com múltiplos orgasmos
e fogos de artifícios brilhando no céu. Uma
vez que não basta gostar de comer, nem engordar, nem fazer sexo passando comida
pelo corpo ou comendo, nem namorar com gordinhas ou bbws. Como já falei, se
tudo isso não for o pavio que explodirá em intenso tesão, desejo, prazer e
satisfação erótica e sexual, o fetiche não foi acionado ainda.
Em suma, tenho orgulho de ser uma
feedee e fracamente não escolhi ser, já era. Não escolhi ser despertada,
aconteceu. Mas eu nem por um segundo gostaria de voltar atrás no tempo e dizer
naquela conversa despretensiosa de chat: “NÃO E ADEUS”. Tudo o que vivi foi
divino e escolheria mil vez passar por tudo de novo. E quem sabe eu goste de
viver perigosamente entre o limite do descontrole, vício, impulsividade e ao
mesmo tempo buscar estabelecer o poder de assumir o controle de algo indescritivelmente
descontrolado e ilimitado.
Queria muito dizer que há muitas
mulheres querendo brincar de feedee e sequer fazem ideia do que se trata ser
uma. Pois o meu desejo é que mais e mais mulheres possam se libertar do
aprisionamento de viver sob moldes e controle do meio do quanto ela deve comer
e crescer. Mas infelizmente sabemos que nosso universo é limitado. Feedee então
é raro. E as que têm acesso a informações sobre o fetiche, quase 100% sequer
cogitam imaginar supor ser uma deusa poderosa da gula com mais de 140 quilos.
Então acho que com essa matéria deu pra termos uma ideia mais objetiva e
realista sobre peso e o que os extremos e descontrole pode levar.
Não acho que por eu viver algo, tenho
que enfeitar e camuflar pra inglês ver, mudar a cara pra que fique mais
aceitável. Ninguém aceita o que somos nem o que queremos pro nosso corpo. E
negligenciar a realidade pra buscar aceitação é um equívoco, pois não
precisamos de aceitação, mas de respeito!
Bjo da Vênus!
Algumas imagens de pessoas citadas na matéria.
Mayra Rosales |
Terri Smith |
Michael Hebranko antes de emagrecer |
Com Simmons já magro em 1988 |
No auge de sua forma magra em 1991 |
Obeso novamente |
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