Finalmente vou abordar um assunto que
me foi perguntado há um tempo e agora estou com certa folga pra explanar.
Como eu comecei a ganhar peso já que
fui durante muito tempo, bem magra.
Ao contrário do que possa parecer,
não comecei a engordar por causa do fetiche. Mas por um processo não natural de
ingestão de remédios para ovulação durante algum tempo. Associado a problemas
hormonais na época, eu engordei bem na tentativa de engravidar. Porém depois de
quase um ano tomando os remédios e engordando, não consegui engravidar e
resolvi parar e tirar aquela ideia fixa da cabeça e curtir outras coisas na
vida. Mas aí já estava com um peso alto que foi difícil diminuir, por mais que
eu tentasse, pois ainda queria engravidar.
Mas não demorou muito e eu engravidei
com sobrepeso mesmo. E sem tomar os remédios. Depois do primeiro, após alguns
anos veio o segundo, e não parei mais de engordar gradativamente. Até porque
perdi a neura com dietas e magreza. Não tinha tempo de pensar sem ser magra,
porque estava muito tomada com a dádiva de ser mãe.
Bom, depois do nascimento de meu
segundo filho, eu emagreci bem, mas nunca mais voltei ao corpo de antes. E bom,
não ligava muito. Nem pro que as pessoas falavam. Mas já que tocamos no assunto
gravidez e sobrepeso....
Gula e gravidez!
As gordinhas e glutonas, que estão
grávidas, aproveitam mesmo pra cair de cara na comida, porque ela tem a
desculpa de estar comendo por dois. E comem muuuito sem culpa. Uma vez sentei
sozinha numa lanchonete e comi 40 bolinhos de bacalhau! Ela na verdade sente
liberdade de exteriorizar a sua necessidade, vontade, desejo e tesão de comer
descontroladamente tudo o que se quer. Que não faz isso porque tem medo de engordar
e vergonha do que os outros vão dizer. Alias, fato é que a maioria das mulheres
tem vergonha de comer muito estando na companhia de homens e principalmente,
claro, em público. Não sei por que será que fomos colocadas como sexo frágil, e
se criou todo um arquétipo pra nós de delicadas, finas, amáveis, frágeis. Que
um prato de pedreiro não combina com a mulher. Tenso é um almoço num self service,
pois todos ficam reparando de canto de olho o tamanho do prato de cada um e se
cutucando. Rsrsrsrs Tenho uma amiga que quando vamos comer juntas, ela coloca
tudo regrado, mas vejo que ela tá com água de boca pra encher o prato de tudo. E
eu falo pra sacanear (olha aquela lasanha ali! Menina, não estamos comendo a
quilo! Coloca comida direito desse prato, tonta!) Mas e a vergonha de desfilar
pelo restaurante com o Himalaia no prato? Ahh, mas homem não tem problema andar
com o Everest, afinal eles precisam comer bem, tadinhos! Nós é que não
precisamos. É falta de educação e etiqueta! Ah vá! É certo que o homem tem a
média de peso mais alta que a nossa e também sua dieta tem um pouco a mais de
calorias que as mulheres, mas não é pra tanto.
Eu sempre comi muito porque eu gosto
de comer e ponto final. E não aceito que o meio tenha que dizer a quantidade
que é permitida, aceitável e elegante eu comer. E é essa liberdade que eu amo e
me orgulho por ter atingido esse nível mental, digamos assim. De não aceitar
absolutamente nada que o meio me impõe. Mas essa mentalidade ainda não foi
proveniente do fetiche. É de uma personalidade mesmo, mas madura que quando me
desvencilhei do que os outros ditam pra mim do que é belo, fino, alegante,
aceitável, que roupas me cabe melhor, quanto devo comer, passei a ser livre. A
única “prisão” que tenho é com relação a minha saúde. Isso sim vale regrar
certas coisas se temos pretensão a desenvolver certas comorbidades, o que
graças a Deus não é meu caso. Mas voltando...
Como o fetiche me abraçou?
Muitas pessoas me mandam e-mails perguntando
como eu entrei no fetiche.
Vamos lá...
Tenho imenso orgulho de como esse
mundo se manifestou em minha vida. Conheci uma pessoa que sua primeira fala pra
mim foi perguntando o que eu achava se tivesse uma pessoa que a cada dia me
estimulasse a engordar cada vez mais. Oferecendo-me comida, cozinhando pra mim,
me servindo café da manhã na cama e várias outras guloseimas pra me deixar
maior a cada dia. Ser servida constantemente e agradada em tudo o que eu
quisesse comer. Achei aquilo mega estranho, mas curioso. Confesso que pensei
que o cara não era muito normal, mas no fundo também achei até romântico,
porque ele descrevia tão bem a cena de me servir com as minhas comidas
preferidas, chocolates, massas, tudo que eu mais gostava. O que obviamente como
BDSM, me instigou pelo fato de ser servida como uma rainha. E ele me perguntou
se eu aceitaria tudo isso e me incomodaria de engordar. Eu pensei e respondi
que aceitaria sim, desde que o processo não causasse mal a minha saúde.
Eu estava falando com um feeder e não
sabia. Naquela época, eu nunca tinha ouvido falar sobre o fetiche. Só era BDMS.
Pensei que fosse um comportamento só dele, uma fantasia, algo que ele gostasse
de fazer, de servir a namorada e gostasse de gordinhas. Mas por outras questões
levamos aquele encontro pra amizade. Porém com o desenrolar dos dias e semanas,
o rumo da amizade foi tomando outro contorno e a gente foi se envolvendo
romanticamente, e conforme foi aumentando esse envolvimento, o comportamento
dele pra me engordar também crescia. Que se tornou ainda maior depois que nos
vimos pela primeira vez, pois eu “estava magra” para os padrões dele. Morri de
rir quando ouvi isso! E pensei “ Gente! O cara é estranho mesmo, ou de outro
mundo”. rsrsrs
Ele nunca escondeu, nem foi indireto
nas intenções, desejos e prazeres dele. Ou de alguma forma tentou camuflar suas
intenções. Pelo contrário, sempre foi muito claro e explícito. Eu achava
estranho, mas ao mesmo tempo algo me atraia naquilo tudo. Pensei que ele fosse
o único homem do mundo a pensar e agir daquela forma, a querer aquilo.
E existiram alguns fatores que me
estimularam a “dar corda” pra todo o comportamento dele....
Primeiro que eu sou psicoterapeuta e
vi ali uma oportunidade de analisar a personalidade e erotismo de uma pessoa
ímpar que eu nunca tinha visto parecido. Sou realmente fascinada pela mente
humana e seus comportamentos. E muito do que a pessoa em termos de
personalidade se estende e é sua síntese do ser, com sua expressão sexual e
erótica. Por isso estudo vários fetiches e comportamentos sexuais. E desde que
o conheci, escrevo sobre esses comportamentos que até então, não sabia ser
referente ao Feedism.
Segundo que como fetichista S/M com o
passar do tempo, entendi que ali havia um fetiche, mas como exatamente isso se
manifestou nele e até onde ia tudo isso? Poderia ser uma vertente BDSM? Que
mola impulsionava aquela engrenagem toda?
Terceiro e talvez mais importante, eu
me envolvi realmente, não somente romanticamente, mas afetivamente pela pessoa
e me apaixonei por tudo que ele me oferecia. Um universo completamente novo,
uma expressão nova de sensualidade, poder misturar prazeres como o ato de comer
algo maravilhoso e sentir excitação sexual, ser estimulada sexualmente ao mesmo
tempo.
Com o tempo, vi um leque imenso de
formas de explorar prazer, desejo, sexo, gula, volúpia, e todos esses fatores
intensificava tudo e fui me sentindo renovada por algo completamente inusitado
e novo pra mim.
E um plus nisso tudo é que apesar de
nem sempre ser gorda, eu teria uma pessoa que pela primeira vez, não precisaria
encolher a barriga, ou disfarçar uma gordurinha aqui e ali, me preocupar se ela
estaria me achando gorda demais, nem vergonha de me “despir” por inteira.
Dai com o passar do tempo meu
comportamento foi se desenvolvendo de uma forma natural com todos os elementos de uma
feedee. Ele me estimulava a comer, a ser gulosa e a engordar e eu correspondia
a tudo isso, não só por ele, mas porque descobri que tudo isso, me excitava
muito e me dava muito prazer; comer e saber que aquela delícia me faria
engordar e ficar mais gostosa. E comecei a
sozinha ter fantasias e associar comida ao prazer erótico e ao sexo. A sentir
meu corpo, toca-lo e achar gostoso o toque e querer engordar mais porque tinha
prazer com ele tomando formas mais volumosas. E passei a de fato a querer
engordar mais. E a cada quilo ganho, eu ficava feliz e eufórica (como uma dieta
ao contrário). Ele me deu ideia de tomar estimulador de apetite que passei um
tempo tomando. Mas depois de certo tempo, ele falou sobre eu tomar shakes
calóricos pra ajudar a engordar.
E esse shake pra mim foi um divisor
de águas que depois disso, entrei por um caminho que não tinha mais como
voltar. Acho que foi a última peça que faltava pra que minha personalidade
feedee aflorasse de vez em toda sua plenitude e intensidade. Porque todas as
vezes que eu preparava o shake como ele me pedia, era invadida por uma
satisfação, um prazer e contentamento que chegava ao seu ápice quando eu tomava
até a última gota da bebida. Nada se comparava ao prazer de tomar o shake e
sentir tesão desde o preparo até terminar de beber e sentir minha barriga sendo
preenchida, ficando cheia, crescendo e expandindo. Sentir prazer em toca-la
maior e mais mole, gostosa ao toque, é algo que não dá pra definir com
palavras. É como um orgasmo. Você só sabe sentir, mas descrever as sensações, é
complicado e todas as tentativas só serão verossímeis.
Enfim, ele me apresentou ao fetiche e
eu o desenvolvi naturalmente, claro com a ajuda dele. Somente muito tempo
depois quando eu já era uma feedee plena, foi que ele me falou da existência e
sobre o nome do fetiche, que era pra eu procurar sobre feeder, feedee que ia me
encontrar. Então depois disso, pra mim foi fácil entender os feedist, porque eu
entendi que todos os comportamentos que eu tinha se encaixava na figura de uma
feedee e o dele de um feeder. Todo o perfil de uma feedee estava em mim, sem
que ninguém me mandasse fazer ou sentir isso ou aquilo. Até porque ninguém
consegue acredito eu, ter uma emoção, desejo ou prazer, porque alguém está
mandando. Ou sentimos ou não sentimos. Podemos fingir, mas produzir sem de
fato, querer só porque alguém mandou, não tem como.
Tomei decisões, tive comportamentos
sem sugestão também dele, de forma muito íntima e espontânea. E passei a
pesquisar, ler, estudar, entrar nos sites destinados ao Feedism para conhecer
mais, entender, analisar, porque isso tudo me fascinava, afinal era uma fonte
indescritível de prazer pra mim e que ao meu ver aconteceu tão naturalmente que
chegava a ser poético.
Passei a ler muito, analisar
comportamentos e conversar com N feedists e ver as similaridades, as
diferenças, as práticas, enfim, tudo que diz respeito a esse mundo. Criei meu
próprio caminho dentro do fetiche e tenho minhas próprias ideias e análises. O
que eu gosto, o que não gosto, o que me excita e o que não me excita. Qual a
minha praia dentro do fetiche.
Esse mundo é
tão rico e complexo que podemos explorar várias coisas pra ver o que sentimos e
se gostamos. Particularmente, eu definitivamente sou feedee. Não me vejo como
foodee porque não me excita muito o ato de comer até não aguentar mais e sentir
o estufamento. Isso pra mim se encaixa como uma pratica eventual pra
diversificar, vamos colocar assim, como uma brincadeira erótica, mas não que
seja o cerne do meu estímulo e prazer dentro do fetiche. Não me vejo como
feeder porque não tenho o menor tesão em ver o corpo de meu parceiro
engordando, pelo contrário. Logo eu não o estimularia a engordar. Alimenta-lo
até pode ser um plus interessante numa brincadeira, mas não que seja o “must”
do meu desejo. Mas com um ato de compartilhamento e troca. Mas não como uma
feeder.
Ser Mutual? Acho que caberia pra mim até certo ponto. O
entrave aí é que a maioria dos Mutuals não curtem que a parceira engorde a
grandes níveis, porque o prazer dele está no estufamento e ver a barriga
crescer. Se a pessoa é gorda demais, não dá pra ver diferença quando se pratica
um bloating ou Stuffing. Aí perde a graça! O que pra mim somente isso não tem
muita graça. Então dá pra entender que apesar das similaridades, afinidades há
uma linha que separa o feedee e feeder dos outros personagens do fetiche, que é
o processo de engordar e como se alimentar. Pra um grupo, o prazer gira mais em
torno do alimentismo; comer até não poder mais, estufar, inflar, sem
necessariamente ter que engordar muito por isso e dai liga-se o clik do desejo
sexual e pronto: acabam-se as preliminares e vamos pro sexo de verdade.
Porém pro outro grupo o cerne da questão é o prazer em comer,
saciar a gula e engordar. Sentir o corpo crescendo, ficando mais pesado, mais
cheio, toca-lo, sentir o peso e as dimensões grandes. E desfrutar desse super
corpo no ato sexual. Para uma feedee três coisas caminham inseparavelmente: fome,
comer, engordar, tesão. E para um feeder o que move o seu prazer e libido não é
somente ver o outro comer, mas sim, ve-la engordar. Imagina-la com 20, 30
quilos a mais. Ver seu corpo tomando formas grandes e poder sentir, tocar no
corpo mais fofo, mais pesado. Saber que seu papel como estimulador está fazendo
sua feedee perder roupas, balanças subirem, e isso o estimula a cada vez mais
fazer de tudo pra que ela engorde mais. A sua libido, assim como todo fetiche
se concentra em algo, e nele se concentra justamente no processo de engordar da
parceira, da gula com que ela come para crescer e da satisfação que tem com
tudo isso. Pois se não é prazeroso pra ela, pra ele, também não terá sentido. É
justamente por isso que é tão difícil achar feedees. Porque muitas até
concordam em engordar, mas o fazem pelo parceiro, pela relação e não por sentir
real prazer com seu corpo engordando, não sente tesão comendo, nem volta sua
satisfação pra parte sexual. Porque uma
feedee mesmo, pode ter um orgasmo só de comer um pedaço de torta de chocolate ou
um bom e generoso pedaço de pudim. Obviamente que isso não ocorre a toda hora,
mas se estivermos voltadas para o fetiche e seu lado erótico na mente, vamos
comer já abertas ao prazer do fetiche.
Sinto-me uma sortuda porque deve ser
mais que horrível se ver dentro disso e não ter com quem compartilhar, sequer
conversar, ou ser entendido. Realmente essa “dor” eu nunca tive.
E também pela forma como o Feedism
bateu na “tela do meu computador” e toda a mágica foi acontecendo aos poucos
espontaneamente e naturalmente. Surgiu de dentro pra fora genuinamente.
Imagino...imaginem agora como deve ter
sido para o feeder, simplesmente esbarrar com uma mulher e apresentar uma
ideia. Ela aceita meio que no momento, mas depois leva a sério e a abraça com
todo prazer e contentamento. E ele simplesmente fica de camarote acompanhando
todo um processo de transformação de uma mulher comum (não feedist), numa
feedee, sem que ele nunca tenha falado sobre tal fetiche ou tal comportamento
com ela? A cada dia vê-la desenvolver
sozinha um comportamento feedee com tanta aceitação, empolgação e alegria. Eu
não sei, mas se eu tivesse no lugar dele, como feedist, me consideraria o cara
mais sortudo do mundo. Talvez um dia eu pergunte a ele, como afinal ele se
sentia ser parte propulsora para ver surgir uma feedee. Talvez ele possa dizer
que: “se é difícil achar uma feedee no Brasil, ora, faça uma porque comigo deu
certo”. rsrsrs
Mas mesmo com tudo isso, o que acredito que ser
algo raro de se acontecer, do tipo “um em um milhão”, é difícil achar uma
pessoa que realmente tenhamos afinidades, que sintamos bem ao lado. Porque não
basta ser outro fetichista. Tem que haver afinidade, prazer mútuo, se sentir a
vontade, ter química para se construir algo mais duradouro e estabelecer um
casal, parceiros pra dividir esse estilo de vida juntos. Isso realmente não é
tão fácil, mesmo pras feefees. Como qualquer relação afetiva há de ter afeição,
afinidade, bem querer, pois se a motivação for só sexual e no nosso caso sexual
e fetichista, ela não tem muito futuro e enfraquece cedo.
Já conversei bastante com muitos
fetichistas; feeders, foodee, feedee, mutual que tiveram um relacionamento com
outro fetichista e a relação acabou. Eu perguntava meio espantada “mas por
que”? Tive dificuldade no primeiro momento de entender, como se acha um
parceiro dentro disso que é algo tão raro e se termina. E um feeder certa vez
me falou “ terminamos porque.. ahhh nem tudo gira em torno de comida”. E
realmente ele estava certo. Não basta ambos serem pares dentro de fetiche. Um
relacionamento vai muito além disso. E nem sempre temos compatibilidades fora
do fetiche e devemos aceita e entender.
Como Feedists somos tão carentes de
outros fetichistas, de pessoas que nos entendam e possamos conversar que
simplesmente se torna um processo mais doloroso talvez, quando finalmente se
acha um par ou mesmo um amigo, e esse vínculo de rompe por causas diversas fora
do mundo do feederism. Porque temos a certeza que será bem difícil achar outro companheiro
pra dividir tantas delícias assim, que fale a mesma língua e nos aceite com
nossas fantasias e “objetos de prazer”.
Mas vamos construindo mais pontes e
menos muros que nos separe. Afinal quantas feedees, feeders, foodee, existem
por aí, sem saber que são como eu?
Boa noite Feedists !
Bjos da Vênus....
Essa matéria em especial não poderia ser dedicada a outra pessoa! Se ler, só tenho uma palavra a dizer: OBRIGADA! O mundo Feedee da Vênus também é seu!