quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Mundo Feedee da Vênus VII - A Aventura do Banheiro!

Tem tempo que não escrevo falando sobre meu mundo feedee de forma pessoal. Mas esse fim de semana passei por uma situação que nunca mais tinha passado e que me tocou, bem lá no fundo de uma forma tão minha e incontrolável que resolvi escrever sobre isso.

Todos sabem que sou uma pessoa obesa; óbvio. Mas mesmo declarando que acredito a meu ver que nossa alegria está aos que tem paixão por comida, ceder a essa paixão e comer mesmo sem aquela culpa de não estar contribuindo pra manter e garantir perpetuado o padrão de beleza eleito pela maioria dos votos: o magro.

Mas ao mesmo tempo, eu falo da necessidade de termos a consciência da nossa saúde, do nosso bem estar físico e tentar equilibrar a alegria com o ganho de peso e a comida, de forma que isso não nos acarrete em doenças, de não comer tudo o que se quer todos os dias na quantidade que nossa gula absurda quer, pra não termos uma alimentação tão pobre e desregulada, de situações desagradáveis por falta de espaço, de não poder passar pelo corredor de um avião gol classe econômico, Da dureza que é não poder entrar num aparelho de ressonância quando você precisa de um exame, etc, etc, etc,  

Eu continuo engordando acredito que a cada mês em engorde umas gramas, mesmo já há algum tempo não fazendo dieta de engorda. E a nossa vida passa, o dia a dia nos traz várias coisas a ser vividas, e nossa vida vai passando com todos os elementos que a compõe. Não vivemos só pensando 24 horas em comer até explodir e engordar. As vezes tem épocas que ficamos mais focadas em nossos desejos e outras nem tanto. Não sei, sinceramente que essa variação tem a ver com as variações de nossa libido, mas o fato é que existe essa flutuações de nossos ímpetos e desejos com relação ao nosso fetiche/estilo de vida (como queiram).

Estou no momento disperso... meio Zeca Pagodinho; (Deixa a vida me levar), então estou suave. Mas não paro de engordar, porque também não tento emagrecer e eu amo comer. Mas mesmo sem fazer dieta pra engordar, e não muito acesa pra isso, conservo a percepção de meu tamanho. Porque uma coisa que você não perde é a percepção e contato com seu corpo. Não tem como não passar por um espelho e não olhar se as banhas vão balançar, ou se sua barriga cresceu! E essa relação corpo e desejo íntimo que acende o pavio do: “Ah tenho que engordar agora, quero fazer crescer essa barriga, essas coxas, etc”.

Todos nós, de mesma essência digamos assim, passamos por isso!

Mas voltando ao bojo do que quero falar sobre meu fim de semana, é que existe de certa forma,  um antagonismo que acredito não ser apenas algo particular. 

Quem é realmente obeso sabe algumas dificuldades que temos em algumas questões como acomodação, locomoção, agilidade, espaço, etc. Isso de certa forma é algo ruim, e um efeito negativo da obesidade. Isso de certa forma te limita. E leva muitas pessoas a querer perder peso, e achar que isso faz a qualidade de suas vidas caírem. E eu não posso dizer que estão errados. Afinal cada um sabe do que lhe incomoda realmente e se pode mudar, por que não?

Sempre defendi curtir o que nos dá prazer mas com sobriedade e consciência, Dentro de padrões da realidade. Porém esse fim de semana houve dois acontecimentos muito interessantes. Lembram que eu disse que estava meio que em off, deixando as coisas fluírem no dia a dia. Até porque eu já estou num padrão de obesidade que requer uma atenção maior e certa reflexão sobre ritmo de engorda.

Minha vida anda corrida e cheia de trabalho então fazia tempo que eu não saia pra comer com meu feeder.

Nós fomos num restaurante que eu adoro; primeiro pela comida e depois porque tem um espelho que cobre todas as laterais do restaurante que me dá uma visão perfeita de mim sentada de perfil. Caramba, eu não sei se olho pras comidas que vai e vem nas bandejas aos clientes freneticamente, se presto atenção no que o namorado tá falando ou se me olho no espelho e fico babando minhas banhas das costas caindo, o colete enorme, a barriga e dobras que saltam aos olhos. E fico pensando empolgada: ”Meu deus como eu to gostosa! Olha isso!”.

Entretanto nesse dia tinha mais coisas por vir, depois de quase atacar a panela de barro de feijoada da mesa ao lado( que estava um espetáculo visual), e de dar dezenas de suspiros a cada batata frita e garfada de filé, eu precisei ir ao banheiro. E logo que abri a porta, um sorrisinho se abriu em meus lábios pensando: “Nossa, como vou entrar ai?” Porque o banheiro era pequeno, estreito e a porta se abria passando pelo sanitário, então ficava quase nada pra você poder entrar. O espaço que dava entra a porta aberta e o vaso não me cabia. Tentei e não fui. E eu ria por dentro. Acho que se tivesse pessoas atrás de mim também estariam rindo, mas por outras razões. E talvez pensando: “a baleia não vai conseguir entrar ahahaha vai entalar ahaahah!”. Mas eu estava rindo sozinha de tão empolgante que aquilo era. Eu parei e analisei por onde eu poderia entrar. E vi que poderia me espremer para a lateral minúscula entre o vaso e a parede pra poder entrar e conseguir fechar a porta. Me apertei daqui e ali, encolhi a barriga e consegui! Uau! Consegui entrar num banheiro mega apertado. E enquanto eu fazia o que tinha que fazer, ficava pensando como foi gostoso me espremer pra entrar ali e eu só sorria suspirando.

Bem, mas estava pra vir à segunda etapa da aventura. Conseguir sair de lá!  Encolhi-me do lado do sanitário e tentei abrir a porta. Entalei! Não passaria daquele jeito, e pensei: “cara, se eu tivesse deixado essa bolsa enorme lá, talvez fosse mais fácil, mas vamos lá gorda! Nada de apavoramento! Foi ai que pensei em sentar no vaso e encolher as penas, mas deu preguiça e naquele lugar super claustrofóbico, ter que sentar com meu peso num vaso sanitário que também era pequeno e encolher as pernas para a barriga, tentando abrir a porta não ia rolar. Se fosse coisa de dez anos atrás talvez eu conseguisse esse encolhimento de pernas, mas com o tamanho que minhas pernas e barriga estão hoje, melhor nem tentar. Ai olhei a minha volta e fui pro canto da parede da porta de entrada, porém a porta não abria comigo ali. A pança não deixava. Ai eu ri mesmo!

Dei nova avaliada no ambiente... respirei e me contorci pra trás do vaso, me inclinando pra trás o máximo que eu conseguia e abrindo a porta ao mesmo tempo. Ufa! Passou... Consegui abrir totalmente a porta pra poder sair. E deu certo.  E quanto eu lavava as mãos, era inevitável não sentir uma leve, talvez grande satisfação de ter atingido um tamanho que tenha dificuldades desse porte pra usar um banheiro público. Foi a mesma satisfação que senti ao fazer uma viagem de avião e fingir que estava com o cinto afivelado so deixando ele envolta da barriga bem disfarçadamente, uma vez que não consegui nem por mil cacetes afivelar o bendito cinto de segurança. Quem disse que a pancita deixava?! E eu lembro que lembrei indignada nesse dia. Mas que avião tosto! E as grávidas não podem usar cinto de segurança? Mas eu lembrei que as grávidas geralmente tem uma barriga muito grande e pontuda, mas não são caídas, e elas conseguem afivelar usando o cinto bem na parte de baixo da barriga. O que já não pode ser meu caso por uma questão obvia; a minha barriga é de gorda, e não de grávida, embora eu sempre vá pra fila preferencial ahahahaha!

Quando eu voltei a mesa, claro que tive que compartilhar a aventura do banheiro com meu feeder, mas o mais curioso é que o sabor da batata mesmo já fria, estava muito melhor! Deu-me vontade de comer mais e mais até não conseguir de jeito nenhum entrar naquele “toalete”!

Eis ai um antagonismo muito intrigante!  Esbarrar nos móveis pois o ambiente está apertado pelo nosso tamanho, entalhar, e não passar entre espaços que outras pessoas passam tranquilamente, pode ser constrangedor, mas ao mesmo tempo... mexe, remexe e nos inspiram, excitam de uma forma ainda não compreendida. Talvez por ser a constatação de uma conquista aos gainers; "Engordamos de verdade afinal"! 

E depois de tudo isso, com eu olhava com olhos malicioso e gulosos, cheios de ótimas intenções pro meu feeder. Até me fez ficar mais carinhosa, dengosa, fitar nos olhos dele enquanto fazia um carinho em seu braço e pensar “ ai Deus... que homem irresistível” !

Bem.... e nesse exato momento estou lembrando com tudo isso, de Cazuza e Frejat:

“Mais uma dose, é claro que eu to a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?
Agora fica comigo
E vê se não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Mas não me mastigue assim
Canibais de nós mesmo
Antes que a terra nos coma
Cem gramas
Sem dramas
Por que a gente é assim?”

Não sei se vou entrar da fase do: Puro “Ecstasy”. Mas enfim; “Por que a gente é assim?”


Vênus Willenford



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