Jogos sexuais com comida não é Feederism! |
Muitas vezes nos
preocupamos em definir o que é esse modo de vida que chamamos de Feederism ou
Feedism, mas vejo muitas confusões tantos de neófitos, como simpatizantes,
curiosos e leigos que leu alguma porcaria por aí e tomou como verdade. Mas
vamos esclarecer algumas coisas. Obviamente, dentro do meu e unicamente meu, ponto de vista, que certamente o defenderei sempre.
O Feederism não é fetiche
por gordinhas, e as modelos plus sizes não tem ligação direta com o Feederism.
Nem somos adeptos do “club dos bolinhas”! Não! Uma coisa é ser um (a) FA –
apreciador de corpos gordos. E outra é ser feedists. Todo Feeder é um FA, mas
nem todo FA, é um feeder. Portanto, ser um FA não faz de ninguém um feeder, nem
um feedist (adepto do feederism).
Compartilhar fotos de
mulheres gordinhas, gordonas, ou realmente gigantes faz parte da nossa cultura,
mas não é esse gosto peculiar (pra nossa sociedade) que fará de você um
feedists.
O Feederism não tem a ver
com misturar comida com o ato sexual. Passar caldas pelo corpo pro outro
lamber, espalhar brigadeiros pelo corpo pro outro comer, nem rolarem numa cama
de nutela. Isso pode ser uma fantasia erótica, mas não é Feederism. Sequer é o
ato de alimentar que um feeder proporciona a uma feedee.
O Feederism não deveria
ser visto como um centro de engorda pra quem tem dificuldade de ganhar corpo.
Pessoas que querem ganhar uns quilinhos, é sugerível que procurem um
nutricionista pra engordar com qualidade na alimentação e de maneira mais
saudável. Já vi muitas pessoas se ligando ao Feederism pra que os adeptos os
ajudem a engordar, pois realmente se acham magras e não estão satisfeitas com
seu corpo. Mas o Feederism não tem o papel de nutricionista, e nem é pra isso.
Embora seus adeptos possam estimular pessoas a engordarem. Mas é preciso
entender que esse processo de engorda dos gainers é diferente dos magros que
querem apenas ganhar uns vinte quilos pra chegar a uns 80, 90 ou 100 e se
sentirem mais gostosos e parar. Se você leu que o Feederism é algo que faz
engordar, e quer experimentar, tome cuidado e se aprofunde mais aonde afinal
está colocando seus pés.
O Feederism não é um
centro de abrigo de gordinhos rejeitados. Embora a realidade é que ele cumpra
socialmente esse papel. Já que infelizmente nossa sociedade é impiedosa contra
quem está acima do peso. Se for muito gordo então, é motivo de olhares como se
fôssemos atração circense. Arrumar namorado então? Nem com reza braba e vela
acesa na mão! Principalmente mulheres, embora homens também sofram preconceito,
e pressão pra emagrecer de seus entes mais próximos, todos sofremos. E acaba
que o Feedism oferece conforto a essas pessoas, pois ali ela é objeto de
desejo, linda, e pode “despir-se” sem apagar a luz nem encolher a barriga, ou
usar roupas compridas pra esconder as estrias e celulites. Sim, é apreciável um
corpo cheio de crateras de celulite e marcado de estrias pela maioria dos
homens Feedists. Ela pode ser quem ela é. Não disfarçar que ama comer e por
isso é gorda que não consegue emagrecer. E não precisa inventar desculpas de
que não entende o porquê de não conseguir emagrecer se nem come tanto assim. Ou
exagera no fim de semana e promete a todos: “segunda feira começo a dieta”. E
essa segunda nunca chega por pura falta de força de vontade.
Esse modo de vida, oferece
a liberdade que o meio nos nega. Mas é o mesmo caso dos FA, citados acima. Ser
gordinha (o) ou gordona (o), não faz de ninguém um feedists. E a realidade é
que abrigamos em nosso meio homens e mulheres que estão acima do peso e se
sentem acolhidos e valorizados em nosso meio e com a estima levantada. Mas um
conselho: separe o estar, do querer estar e se tornar. O que isso quer dizer?
Significa que uma vez dentro de núcleos Feedists, você será tentada (o) a
engordar cada vez mais e mais, sem limites. É isso que VOCÊ quer pra sua vida
de forma consciente? É uma escolha madura e racionalizada. Ou está indo no
embalo pra não perder a atenção e valorização das pessoas do meio? Se for isso
que lhe dá prazer e é sua vontade por si mesma, beleza. Se não for, e você
apenas se tornou dependente da atenção recebida, da aceitação e bajulações de
fãs de suas curvas largas, cuidado! A estrada pode ser florida, de doces e
bucólicos amanhecer no começo. Mas depois ela pode ser cheia de armadilhas,
buracos sem sinalização, e abismos em meio a tormentas escuras.
Algumas pessoas me
perguntaram se pra ser feedee é necessário engordar. Responderei isso em outra
matéria.
O Feederism no Brasil não
é moda nem uma nova tendência sexual (copiado dos Estados Unidos). Muito longe
disso. Ser Feedist está internalizado na natureza, no DNA, nos registros
mentais, no inconsciente de cada um em estado latente que a maioria desenvolve
os primeiros sinais de comportamento feedist na infância dentro do próprio núcleo
familiar. Outros são despertos em fase adulta. É algo que permeia alguns seres
humanos, logo não é moda, nem opção. Ninguém escolhe ser. Apenas é. E portanto
se é algo que se é, não dá pra deixar de ser. O que dá é moldar a forma como
conduzir o modo que vivemos com isso, e não deixar de ser. Afinal, temos um
leque rico de possibilidades, ao contrário do modelo das relações limitadas a
um casal hetero, onde um engorda assustadoramente e irracionalmente, e o outro
tem prazer em alimentar e assistir essa engorda. É isso que os veículos de
comunicação televisivos estrangeiros tentaram empurrar pra sociedade sobre nós
aqui no Brasil.
Mas hoje o assunto já foi
parar na T.V brasileira sob produção brasileira também, com uma nova cara e perceptiva,
e muitos viram a matéria e se identificaram, mas nem todos que leem ou veem
sobre o Feederism, e simpatizam, são de fato feedists. Talvez tenham uma
afinidade, simpatia pela questão da comida ou por ser ou gostar de gordinha
(o). Mas não esqueçam do segundo
parágrafo dessa matéria.
O Feederism não é coisa de
adolescente rebelde que quer desafiar os moldes de beleza da sociedade
simplesmente sendo gordo. Alias, ser gordo e gostar de ser gordo e querer mais
ainda, é apenas uma parte que compõe o que é o Feedism. Não estamos desafiando
sociedade alguma pra engolir um padrão de beleza obeso. Alias, particularmente
sou da opinião que beleza não deve ser padronizada. Não é a troca de um padrão
pelo outro. É justamente a liberdade de não termos que ter esses modelos. De
sermos livres para expressar em nós, no que nos atraem e o tipo de corpo que
melhor nos cabe. Se é magro, muito magro, malhado, médio, gordo, ou muito
gordo. Não importa. Isso não deveria ter modelos prontos. Todos os outdoor na rua e propagandas na televisão sobre moda,
beleza, roupas, joias, dentistas, cursos, hospitais, e qualquer outra coisa,
sempre há pessoas magras ou malhadas como modelos. Essa semana vendo um outdoor
de um salão de festa havia uma mulher magra muito bonita por sinal, toda
produzida, vestida de noiva como modelo. E pensei: “e se no lugar essa magra
aí, fosse uma modelo gorda? Como as pessoas iam ver? Chamaria atenção? E se
vários outros anunciantes começassem a colocar vários tipos de tamanhos de
corpos tanto de mulheres como homens? Mudaria a padronização? Embora esse seja
um assunto social que não está ligado diretamente ao cerne do Feederism, é um
assunto que me interessa como mulher, gorda, e de saco cheio dessa mesmice e
falta de liberdade de expressão que a sociedade nos impõe e aceitamos. Pior,
nem nos damos conta disso. Mas a realidade é que sentimos o peso da cobrança
por corpos enxutos e esbeltos, principalmente nós mulheres. E apesar do
Feederism não ser um movimento contra a gordofobia, acabamos, pelo menos no que
confere aos gainers, tendo uma ligação indireta a isso, como dito acima. Podemos
ficar na nossa e fingir que isso não nos incomoda e o que importa mesmo é como
vamos curtir o fetiche e engordar, e o resto que se dane. Mas somos sem dúvida,
atingidos pelo preconceito contra obesos. Pelo menos a parte de nós que tem o
ganho como seu modo de vida. Além dos que são magros, mas amam os gainers e não
sentem vergonha de desfilar com os parceiros e seus corpos redondos por aí.
Sim, esses também sofrem com os olhares abismados e julgadores. Sem contar das
piadinhas dos amigos e familiares. Fatal!
O Feederism não é 1
fetiche. É um conjunto de comportamentos que está relacionado mais comumente a
libido, erotismo, prazer, desejos, vontades particulares e expressão sexual, formando não apenas 1 fetiche, mas
vários fetiches dentro de um modo de vida que conduz seus adeptos a várias
formas diferentes de ter prazer e satisfação em si mesmo e dar prazer ao outro.
Vejo o feederism dentro de uma pluralidade e não singularidade, que nem sempre temo teor sexual. Logo existem
várias formas de se ter e oferecer prazer tanto pessoal íntimo, como sexual. Mas pra alguns é algo que oferece uma alegria, satisfação e bem
estar muito particular, que não chega a ser prazer nem vontade sexual. Embora a
realidade é que a maioria dos feedists sintam em algum momento a parte sexual e
erótica relacionada a ações e comportamentos que cada um desenvolve pelo Feedism.
Logo, ele nunca deixará de ter sua parte fetichista, que pode ser entre um
casal, ou solitário. Fica claro portanto que o Feederism é um modo de vida que
tem em si, vários fetiches e formas de viver esse estilo de vida tanto
sexualmente falando como numa alegria e satisfação secreta, seja em aumentar o
tamanho do seu corpo, ou ver o aumento no outro, ou sentir as sensações
corporais quando se joga no ato de comer até atingir o limite suportável de seu
corpo, não importa como você tem o feederism em si. Pode ser diferente de como
eu tenho, mas todos vamos conduzir ações, planejamentos, sentir satisfação,
alegria, empolgação, saciedade, estimulação de um desejo sexual ou sensualidade,
ou simplesmente ir dormir com um sorriso feliz nos lábios porque comeu mais da
conta, passa a mão em sua barriga e a sente maior por isso e pensa: ” como é bom
essa sensação”. Simples assim!
“Aquele que conhece a si
mesmo, é um homem livre”.
“Aquele que aceita a si
mesmo com alegria, não há correntes familiares ou sociais que o diminua, limite
ou prenda”.
Todos os dias recebemos
ordens do que comer, onde comer, o que vestir, o que calçar, que marca usar, o
que é bonito, onde ir no fim de semana, que música não ouvir, que modelo de
beleza é desejável, que tipo de corpo você deve ter. E aí? Quem você vai escolher
pra ouvir? Quem vai escolher mandar em sua vida e ditar como você tem que ser?
Na dúvida, ligue o “dane-se” e seja você mesmo. Não sabe quem você é por anos
de sugestões do meio? Então leia a primeira frase que está logo acima entre
parênteses e procure a liberdade íntima. E se ainda tiver dúvidas no que
escolher, escolha sempre: SER FELIZ CONSIGO MESMO, NÃO IMPORTA O QUE OS OUTROS
DIZEM. Afinal se você não escolher, haverá quem escolha por você. Se você não aprender
a colocar suas vontades e opiniões, você será esmagado pela sociedade e vira
mero fantoche, sem identidade própria.
Espero que esse texto
tenha esclarecido sobre o que não é Feederism. Lembrando sempre que essa é
minha visão íntima sobre meu modo de vida; o Feederism.
Bjo da Vênus!