quarta-feira, 25 de março de 2015

Feederism – Uma reflexão sobre popularização, moda do, banalização e novidade sexual


Saudações Feedists!

O título é grande, mas maior é o conjunto de pensamentos que me povoa nessas últimas semanas sobre vários aspectos que tenho conversado, lido e observado dentro do nosso meio. Portanto tentarei compartilhar com vocês de forma clara pra quem sabe possamos refletir sobre os elementos trazidos que acho importantes aos que se interessam pelo Feederism fora do seu mundinho particular. 

Acho que primeiro é preciso estabelecer o caminho analítico por duas linhas de frente; o movimento social e o que é em essência o objeto de análise, no caso o Feederism. Uma coisa está interligada a outra, mas uma vez que você tem uma definição, um conceito bem maduro e consciente, mesmo que seja particular sobre a essência do objeto, você consegue ver os comportamentos sociais humanos que vão se agregando ao objeto, formando um corpo de tendências diferentes do que era antes, criando mudanças no meio entre os adeptos pela influencia que  exercemos uns aos outros. Mas acredito que isso não altera a essência do objeto que independe de como a atualidade o vê e conduz (mesmo que a maioria, ou um número considerável, uma vez que isso não abarcará o todo).

No caso do Feederism, sua manifestação nos meios públicos é algo bastante novo, principalmente aqui no Brasil. E percebo uma crescente, mesmo que em pequena escala, busca por pessoas aqui no Brasil e creio que isso se dê pelo resto do mundo, ou pelo menos nos países onde ele é mais popular como Estados Unidos e de língua inglesa e alguns países da Europa.

Essa discreta, porém crescente busca e abordagem em vários meios de comunicação, faz algumas pessoas mais apressadas, coloca-lo como MODA. Uma tendência nova sexual (muitos alegam copiada dos Estados Unidos) que está “fazendo a cabeça dos homens”. E quem lê “nova tendência sexual”? Pode pensar – Opa, quero saber o que é e experimentar.

Há também as colocações como fetiche por comida, por obesidade, por mulheres enormes – esses últimos criando um teor estritamente masculino- Ou seja, estão atirando pra todos os lados, porque afinal, nunca ouviram falar nisso. Fazem um apanhado rápido pelo internet e saem fazendo matérias em blogs, fóruns de discussão, trabalhos acadêmicos mal feitos, etc. Mas em primeira instancia isso não altera de forma alguma a essência do objeto. Ou seja, ele não passará a ser o que as pessoas dizem que é, apenas porque se estão repassando assim, como entenderam.

E em segundo plano há as pessoas que leem e se sentem atraídos de alguma forma a conhecer ou se identificam por algum aspecto que entenderam. Se for pela parte sexual, por obesidade ou pela comida, não importa. O fato é que o Feederism pode ser atrativo de várias formas, ele tem várias portas de entrada que convida as pessoas a se aproximarem. E mesmo que essas pessoas entendam de forma distorcida e assim repasse, ou viva o “feederism”, numa ilusão pautada no que se acha ser. Mesmo assim, isso não altera a essência do objetivo. Os meios de comunicação podem criar uma falsa idealização ou conceito sobre Feederism, ou apenas muito superficial e as pessoas embarcarem nisso e se não despertarem realmente a essência do Feederism em si, serão igualmente superficiais, sem nunca atingir seu bojo íntimo. No entanto a essência primária continua lá, esperando quem de fato a tenha dentro de si.

Mas por que isso? Explico!

Porque justamente o Feederism não é moda, nova tendência sexual, ou inventada pela criatividade do povo. É um comportamento humano que existe por assim dizer, dentro do ser humano em sua forma instintiva natural.

O fato de, há mais de uma década e meia se começaram a externar publicamente esses comportamentos, não significa que o objeto passou a existir a partir dali. Ele passou a existir sim, como algo declarado e depois ganhou nome e analise de seus conjuntos de comportamento pelos próprios adeptos tendo a si mesmo e outros como base. Mas é preciso entender por A mais B que isso não cria algo, apenas documenta o que já existia antes dentro das pessoas.
A prova mais cabal disso, é que o Feederism pode ser  desperto dentro de uma pessoa, sem que ela sequer saiba nem tenha lido absolutamente nada sobre o assunto e desconheça por completo. Mas ela vai aos poucos desenvolvendo todo um comportamento peculiar dentro do que já está declarado do que seja o conjunto de comportamento que predomina um personagem. Ela pode inclusive apresentar mais de uma tendência, mas sempre terá a predominante. Logo, o Feederism, portanto, existe dentro de algumas pessoas, que não precisa saber sobre o termo Feederism, pra viver o Feederism, aí sim, em sua essência, seu bojo primaz, sua “identidade”.  E mesmo que o movimento social (o meio atual) desvirtue, distorça e repasse superficialidades, e influencie o entender de muitas pessoas, o que ela pode falar sobre o que entender, mas o que ela sente e se manifesta de dentro pra fora em seu comportamento instintivo são coisas distintas, mesmo que seu comportamento possa ser até certo ponto, influenciado, não dá pra mexer em instintos.

Logo, dentro desse prisma, mesmo que o Feederism se popularize, seja um meio atrativo a busca por uma forma nova de sexualidade, (o que é algo natural do ser humano, buscar novas tendências a sua satisfação e versatilidade sexual) achando que é algo de misturar sexo com comida, dar frutas em caldas de chocolate pra mulher comer, ou ter uma gorda, gordona ou super gorda comilona como objeto de prazer. Mesmo que o Feederism sirva pra muitas mulheres como um veículo pra serem aceitas com o corpo acima ou muito acima das medidas considerada padrão pelo meio “magro e sarado” e encontro de um par que a valorize assim, onde a maioria acaba desenvolvendo comportamentos ilusórios para seres aceitas por este mesmo meio. Mesmo com todas essas portas abertas a banalização, superficialidade, ilusões e distorções, a essência do objetivo estará lá, novamente, esperando quem o tenha dentro de si e seja realmente desperto de dentro pra fora como algo visceralmente inerente aquele ser, o qual ele não consegue se desligar, mesmo que queira pois é parte de sua natureza. E sendo dessa forma, o Feederism não tem como cair na banalização e descaracterização do que ele realmente é.  Mesmo que se criem “cortinas de fumaça” que oculte aos olhos externos o que seja o Feederism plenamente, que cantem, dancem e se banqueteiem de luxúria e comida: “ à luz do pseudo-feederism. Mesmo assim, o objeto estará lá, atrás dessa cortina e quem realmente atravessa essa superficialidade e chega no objeto, é quem permanece “no eterno banquete da vida” e toma o Feederism como um modo de vida, que o conduz em vários aspectos de sua vida cotidiana, incluindo a forma como ele lida com sua sexualidade, com sua saúde, com suas despesas financeiras mensais, e interage com seu meio social (não feedist) pois o objeto de fato, despertou pra ele.

Desculpem-me por parecer meio elitista. Não sou contra o interesse e empolgação das pessoas em conhecerem e se auto denominarem dentro de nosso meio um Feedist. Digo dentro de nosso meio, porque fora dele, ninguém o quer, né! A maioria se esconde e muitos têm até vergonha de declarar do que gosta e do que move sua alma pra várias coisas mais simples da vida. É compreensível inclusive.

Fato é também que, é parte de nós a curiosidade em conhecer vários “nichos”, principalmente quando se vê elementos sexuais. Logo é natural que muitas pessoas se sintam atraídas pelo Feederism popular; o que ele é repassado por leigos e curiosos no assunto nos meios de comunicação. E tenho certeza que daí, algumas pessoas serão realmente despertas para o Feedism em sua essência, pois o tem em estado latente dentro de si, sufocado e reprimido pela construção mental social do meio opressor; uma mulher de pele clara, livre de gordura, sarada, de cabelos lisos e longos, dentes muito brancos e certos, comedida no comer, atenta as novas tendências de dietas, comida integral (argh) e tratamento para modelar o corpo aos padrões de beleza atuais que a sociedade exige, incluindo seu namorado; um homem de pele clara,  abdômen definido, bem dotado, sorriso de propaganda de pasta de dente, alto, vestido elegantemente com roupas de griff! Ahh que maldade, esse homem eu quero pra mim! Mas acho que se eu comprar o boneco Ken, está resolvido o problema, mas ele tem que vir junto com um vibrador a nossa escolha, do tamanho que quisermos pra ser feliz! Infelizmente a perfeição não existe, mas a busca incessante por ela sim. O pior de tudo, é quando essa busca está sendo em cima de padrões da maioria, exigidos pra você que não são seus, mas que você passou a acreditar que é porque “todos” dizem que é, que tem que ser. E isso é uma prisão triste da qual eu me livrei há muito tempo atrás. E se você que está lendo isso, acha que vive numa prisão assim, saiba que a chave da cela, está dentro de você!

Em suma, voltando ao elitismo, não quero ser elitista, mas fato é que o Feederism não é pra maioria e sim pra poucos. Poucos conseguem transpassar a cortina de fumaça e alcançar a essência dele. Até porque, essa essência não está na internet, neste blog, em revistas, nem no homem do seu lado falando “coma”, ou na mulher sobre você com mais de 130 quilos que acabou de comer uma caixa inteira de trufas! Mas dentro de você e o que ocorre é algo igualmente natural como o próprio objeto; o Feederism, nem todos o têm! Simples assim!


Então, dessa forma simples, podemos dizer que o Feedism, mesmo com sua possível popularização futura, com o achismo de moda e nova tendencia sexual, não tem como cair na banalização e descaracterização dele, posto que é algo íntimo que se manifesta de forma natural, dentro do comportamento inerente a cada um conforme este o tem em si, ou não tem. E isso não depende de como está "documentado" hoje, nem estará amanhã, ou como o movimento social popular feedist diga o que é ou deixa de ser nos seus apanhados de fragmentos soltos na ventania. 

Bjo da Vênus!